quinta-feira, 20 de julho de 2017

Quem é Jesus

Jesus Cristo é o Unigênito Filho de Deus que entregou sua própria vida em sacrifício para redimir todo aquele que nele crer. Sendo a Segunda Pessoa da Trindade, Jesus é igualmente Deus, assim como o Pai e o Espírito Santo.

Do Antigo ao Novo Testamento, do primeiro ao último livro, do começo ao fim, a Bíblia mostra claramente quem é Jesus Cristo, de modo que as informações são tão vastas que é impossível sintetizar tudo em um único texto.

As profecias acerca de Jesus

Por todo o Antigo Testamento encontramos inúmeras profecias acerca de Jesus, o Messias que haveria de vir. Na verdade não apenas as profecias diretamente, mas os salmos, os símbolos, os pactos e mesmo as palavras de repreensão e castigo apontavam, de alguma forma, para a pessoa e a obra de Cristo.

As profecias messiânicas mais conhecidas sobre quem é Jesus estão registradas no livro do profeta Isaías, onde ele profetizou sobre seu nascimento de uma virgem e sobre sua obra redentora (Isaías 7:14; 53).

O nascimento de Jesus

Jesus nasceu em Belém, na cidade do rei Davi, conforme foi profetizado pelo profeta Miqueias (Miqueias 5:2; cf. Mateus 2:1-12). Maria, uma jovem virgem de Nazaré, concebeu o Salvador do mundo por obra do Espírito Santo (Lucas 1:35).

Como não foi encontram vaga na estalagem, Maria deu à luz a Jesus Cristo num estábulo (Lucas 2:1-5). Os relatos bíblicos fornecem pouquíssima informação sobre sua infância e juventude, e apenas destacam o episódio em que Ele tinha doze anos e foi encontrado por José e Maria entre os doutores no Templo, e também dizem que Ele crescia “em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lucas 2:49-52).

O ministério terreno de Jesus

Quando tinha cerca de 30 anos, Jesus partiu de Nazaré e foi batizado por João Batista (Mateus 3:13-17), e logo depois, conduzido pelo Espírito, Ele foi levado ao deserto da Judéia para ser tentado (Mateus 4:1,2).

relato da tentação de Jesus contrasta com a tentação de Adão e Eva na Queda da raça humana (Gênesis 3). Jesus foi tentado, mas venceu todas as tentações e nunca pecou (Hebreus 4:15).

Após quarenta dias e quarenta noites no deserto, Jesus, pela virtude do Espírito Santo, voltou para a Galiléia e deu início ao seu ministério público, escolhendo seus discípulos e pregando por toda parte as boas-novas da chegada do reino dos céus (Mateus 4:17-25).

Jesus realizou grandes milagres, curando doentes, expulsando demônios, ressuscitando mortos, acalmando a tempestade, multiplicando o alimento e muitos outros milagres, de modo que o Evangelho de João afirma que seria impossível registrar todos eles (João 21:25). Todos esses milagres demonstravam o poder pleno de Jesus sobre todas as coisas.

A morte, ressurreição e ascensão de Jesus aos Céus

A última semana de Jesus antes de ser preso e morto, foi marcada por acontecimentos significativos, como a entrada triunfal em Jerusalém (Mateus 21:1-11), a purificação do Templo (Mateus 21:12-16), o pronunciamento de seu sermão escatológico (Mateus 24-25) e a instituição da Ceia (Mateus 26:26-30). Saiba mais sobre a última semana de Jesus.

Na mesma noite em que celebrou a Páscoa com seus discípulos e instituiu a Ceia do Senhor, Jesus foi traído e preso. O traidor foi um de seus discípulos, Judas Iscariotes (Mateus 26:47-56; Marcos 14:43-52; Lucas 22:47-53; João 18:1-12).

Após ser preso, Jesus foi julgado, torturado e condenado a morte, sendo crucificado num lugar chamado Calvário (Mateus 27:32-44). A crucificação era a pior e mais humilhante pena de morte da época. Ele ainda foi crucificado com uma coroa de espinhos, e em sua cruz foi colocada uma identificação que dizia: “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus” (João 19:19).

Para cumprir as Escrituras, um soldado ainda o transpassou com uma lança, furando o lado de seu corpo (João 19:31-37). Depois, Jesus foi sepultado num tumulo preparado por José de Arimatéia (Mateus 27:57-61). Jesus foi crucificado e sepultado na sexta-feira, mas no domingo Ele ressuscitou dos mortos. Após ressuscitar, Jesus subiu ao Céu, onde está exaltado a direita do Pai, deixando-nos a promessa de que um dia voltará (Atos 1:9-11).

Realmente quem é Jesus Cristo?

A pergunta sobre quem é Jesus não é uma pergunta de hoje. Já em sua época essa mesma pergunta era feita. Certa vez Ele próprio perguntou a seus discípulos: “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?” (Mateus 16:13).

A resposta dos discípulos foi interessante, e na verdade é ainda a mesma resposta dada por muitas pessoas na atualidade. Eles disseram que as pessoas diziam que Jesus era João Batista, o profeta Elias, o profeta Jeremias ou outros profetas (Mateus 16:14).

Isso significa que as pessoas simplesmente afirmavam que Ele era um homem como qualquer outro, sim, um homem notável como João, Elias ou Jeremias, mas ainda assim simplesmente um homem. No entanto, logo em seguida o apóstolo Pedro, revelado por Deus, respondeu essa pergunta de forma correta, ao dizer: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”(Mateus 16:16).

Jesus Cristo é Deus

O Evangelho de João nos revela essa verdade logo em suas primeiras palavras: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1). A divindade de Jesus é afirmada de forma clara durante todo o Novo Testamento, onde lemos que a plenitude da divindade habita nele, pois Ele é a imagem do Deus invisível (2 Coríntios 4:4; Colossenses 1:15-19; 2:9).

Além disso, Jesus possui os atributos divinos (Mateus 28:18; Hebreus 1:3; Apocalipse 2:23) e é designado com os mesmos nomes e títulos que Jeová recebe no Antigo Testamento (cf. Isaías 44:6; Apocalipse 1:17).

Tudo o que existe foi criado por Ele e para Ele (Colossenses 1:16), Ele tem poder para perdoar pecados (Colossenses 3:13) e receber adoração (Hebreus 1:6). Ele próprio declarou: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30).

Jesus Cristo é o verbo que se fez carne

Se a Bíblia é clara ao afirmar que Jesus Cristo é Deus, da mesma forma ela é suficientemente clara ao afirmar a humanidade de Jesus. De fato, o mesmo texto que afirma sua divindade, também afirma sua humanidade, isto é, “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (João 1:14).

Dessa forma, entendemos que Jesus era plenamente homem e plenamente Deus, e qualquer ensino que negue essa verdade não é o verdadeiro Evangelho. O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, afirma: “Cristo Jesus, homem”(1 Timóteo 2:5).

Portanto, Jesus experimentou as mesmas limitações que nós, como homens, experimentamos, como: sofrimentos, vontades, privações, dores, fome, cansaço, fraquezas etc. (Lucas 23:46; João 4:6-7; 6:38; 12:27), mas, diferente de nós, Ele nunca pecou.

Jesus Cristo é o Salvador

A morte e ressurreição de Jesus foi o clímax do plano divino da redenção, um plano concebido por Deus ainda na eternidade, antes da fundação do mundo (1 Pedro 1:19,20). É justamente nesse ponto, quando olhamos para sua obra redentora, que podemos entender por que Jesus precisava ser plenamente Deus e plenamente homem.

Apenas sendo homem Ele poderia morrer pregado numa cruz, e apenas sendo Deus, Ele poderia ser capaz de satisfazer a justiça divina e redimir o seu povo. Dessa forma, Jesus é muito mais do que apenas um bom exemplo a ser seguido, sua obra é muito maior do que qualquer ideia romântica de um martírio heroico.

Diante da pergunta sobre quem é Jesus Cristo, só nos resta responder que Ele é o Emanuel, o Deus conosco, e sua obra está além de qualquer possibilidade humana, visto que como Deus, Ele substituiu homens ao se fazer maldito por eles morrendo numa cruz. Sim, é impossível responder quem é Jesus sem se lembrar de que Ele ocupou o lugar de miseráveis pecadores, recebeu o castigo que lhes era merecido, e os reconciliou com Deus.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Onde abundou o pecado superabundou a graça”

Onde abundou o pecado superabundou a graça” é uma frase escrita pelo apóstolo Paulo para ressaltar a eficácia da graça de Deus no perdão de nossos pecados. O apóstolo escreveu essa frase em sua Epístola aos Romanos, capítulo 5 e versículo 20.

O contexto da frase “onde abundou o pecado superabundou a graça”

Essa frase está dentro de um contexto da Carta de Paulo aos Romanos onde o apóstolo estava tratando sobre a justificação pela fé (Rm 1:16-11:36). Ele começou mostrando a necessidade e a realidade da justificação (Rm 1:16-3:31), bem como sua fundamentação nas Escrituras, utilizando, inclusive, o exemplo de Abraão (Rm 4).

Entre os capítulos 5 e 8, o apóstolo fez uma exposição acerca da eficácia da justificação, bem como dos frutos que necessariamente resultam dela. Especialmente no capítulo 5, Paulo enfatizou a bênção da paz proveniente da justificação ao dizer que “havendo sido justificados pela fé, temos paz com Deus mediante nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1-11).

Nos versículos seguintes, o apóstolo fez um paralelo entre Adão e Cristo, mostrando assim a abundância e a certeza da salvação confirmada através da obra de Cristo (Rm 5:12-21). É importante saber que todo esse capítulo é envolto no conceito de que a salvação é exclusivamente por meio de Cristo.

Onde abundou o pecado

Para entendermos o que significa a expressão “onde abundou o pecado” precisamos considerar o que Paulo escreveu antes de tê-la mencionado. De forma bastante resumida, podemos destacar os seguintes pontos:

Através de Adão, o pecado, e, consequentemente, a morte, entraram no mundo (Rm 5:12);A morte permeia toda a humanidade, pois todos pecaram (Rm 5:12);Antes da Lei ter sido dada no Sinai a humanidade já vivia na prática do pecado, e a morte reinou sobre ela (Rm 5:13,14);A condenação pela transgressão procedida de Adão foi mais do que substituída pela justificação provida pela obra de Cristo para aqueles que, pela graça soberana de Deus, depositam n’Ele sua confiança e encontram seu Salvador (Rm 5:15-17);Uma só ofensa resultou em condenação para todos, assim como um só ato de justiça resultou em justificação que traz vida (Rm 5:19,18).

Com base nesses pontos principais, o apóstolo então declarou que “a Lei foi introduzida para que a transgressão abundasse” (Rm 5:20). É importante entender que o apóstolo não estava dizendo que a Lei é a causadora do pecado, no sentido de que ela faz com que haja mais pecado, ao contrário, ao dizer a expressão “para que a transgressão abundasse”, Paulo estava ensinando que a Lei veio para realçar o pecado, isto é, deixá-lo mais nítido, como se fosse uma lente de aumento que realça imperfeições que já existem, mas que, sem ela, não seria possível perceber.

É exatamente esse pensamento que explica a expressão “onde abundou o pecado”. Com base na Lei de Deus, o conhecimento acerca do pecado é enfatizado, mostrando ao homem toda sua pecaminosidade e seu estado miserável, pois são tão abundantes os seus pecados que é impossível que ele consiga vencê-los por seus próprios esforços.

Superabundou a graça

Ao entender o significado da expressão “onde abundou o pecado”, facilmente é possível entender que a expressão “superabundou a graça” significa a conclusão evidente do apóstolo de que onde o pecado aumenta a graça aumenta ainda mais.

Em outras palavras, quanto mais o homem percebe a nitidez de seu pecado à luz da Lei de Deus, mais ainda ele fica admirado e agradecido pela manifestação da graça de Deus em Jesus Cristo, que não apenas anula o pecado, mas o supera.

Isso fica claro em outra passagem onde o mesmo apóstolo escreve dizendo que a letra mata, mas o Espírito vivifica (2Co 3:6), ou seja, a Lei realça o pecado e exige um padrão de vida que agrada a Deus, porém ela não fornece a força necessária para que o homem consiga cumprir suas exigências, enquanto que a graça é plenamente eficaz em capacitar o homem a viver para Deus.

“Onde abundou o pecado superabundou a graça” significa uma permissão para pecar?

Algumas pessoas distorcem completamente essa frase tentando encontrar nela uma justificativa para suas condutas pecaminosas. Todavia, essa frase de forma alguma possui esse significado.

O próprio apóstolo Paulo repreendeu esse tipo de interpretação errada acerca do conceito de que onde abundou o pecado superabundou a graça, escrevendo o seguinte: “Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente?” (Rm 6:1). A resposta do apóstolo é direta e bastante explicativa: “De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?” (Rm 6:2).

Com isso, o apóstolo estava dizendo que a frase “onde abundou o pecado superabundou a graça” não está se referindo a um tipo de licença para pecar, ao contrário, está falando acerca da vitória sobre o pecado para aqueles que, pela graça de Deus, estão unidos a Cristo pela fé e vivem uma vida que agrada a Deus.

Quem usa a frase “onde abundou o pecado superabundou a graça” como desculpa para uma vida de iniquidade, tal pessoa está simplesmente tentando se auto-justificar, e na realidade desconhece a graça de Deus, pois o resultado prático da “superabundância da graça” é a libertação do pecado que naturalmente e, necessariamente, leva à santidade, “e o seu fim é a vida eterna” (Rm 6:22).

Certamente a melhor explicação sobre o verdadeiro significado da frase “onde abundou o pecado superabundou a graça” para aqueles que a entendem equivocadamente, é o que o apóstolo Paulo escreveu no capítulo 6 da mesma Carta aos Romanos, ao dizer: “Vocês foram libertos do pecado e tornaram-se escravos da justiça” (Rm 6:18).

Concluindo, saber que onde abundou o pecado superabundou a graça serve de conforto para nós, pois significa que a depravação humana é terrível e imensa, porém a graça de Deus é infinitamente maior e mais poderosa, a ponto de não apenas perdoar e anular o pecado daqueles que são vestidos de justiça pelos méritos de Cristo, mas de superá-lo de forma transbordante trazendo vida eterna (Rm 5:21).

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Cinco coisas que Deus nunca viu

Cinco coisas que Deus nunca viu

Dt 11: 11  mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas;
12  terra de que cuida o SENHOR, vosso Deus; os olhos do SENHOR, vosso Deus, estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano.

  Vamos aprender cinco coisas que Deus nunca viu:

1 – Deus nunca viu uma semente plantada que não desse fruto.

Gálatas 6:7  Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.

2co 9: 5  Portanto, julguei conveniente recomendar aos irmãos que me precedessem entre vós e preparassem de antemão a vossa dádiva já anunciada, para que esteja pronta como expressão de generosidade e não de avareza.
6 ¶ E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará.
7  Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.

2 – Deus nunca viu uma situação que Ele não possa reverter.

Jó 42:10  Mudou o SENHOR a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o SENHOR deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra.

Filipenses 4:13  tudo posso naquele que me fortalece.

3 – Deus nunca viu uma enfermidade que Ele não possa curar.

1 Pedro 2:24  carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.

Êxodo 15:26  e disse: Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o SENHOR, que te sara.

4 – Deus nunca viu um justo mendigar um pão.

Salmos 37:25  Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão.

Ml 3: 10  Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida.

5 – Deus nunca viu alguém que ele não possa salvar.

Lc 18: 26  E os que ouviram disseram: Sendo assim, quem pode ser salvo?
27  Mas ele respondeu: Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus.

João 10:9  Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Preciso ser batizado para participar da Santa Ceia?

Preciso ser batizado para participar da Santa Ceia?

Você Pergunta: Não vejo nada na Bíblia que ordene que as pessoas sejam batizadas para só depois poderem participar da Santa Ceia. Isso não é uma invenção da igreja? Onde está escrito que tem que se batizar para poder tomar santa ceia?

Caro leitor, muito interessante a sua indagação. Em primeiro lugar devemos ter em mente que a Bíblia não é um livro de “pode não pode”. Na Bíblia não contém um sim ou um não para cada situação específica possível que aconteça em nossa vida e sociedade. Ela tem sim algumas coleções de mandamentos, mas tem também princípios que devemos interpretar com sabedoria para chegarmos a conclusões sobre algum tema. É o caso do batismo ser realizado antes da Santa Ceia. Não temos um mandamento específico ordenando que a pessoa se batize antes de tomar da Santa Ceia, porém, temos alguns princípios que nos apontam que devemos sim proceder o batismo antes de servir a Santa Ceia a alguém:


(1) A ordem primária de Jesus aos Seus discípulos na grande comissão era para discipular e batizar os que crescem:

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mateus 28.19-20).

(2) O “crer” em Jesus é a condição mais básica do discipulado, que vai avançando na direção do batismo e do ensino cada vez mais aprofundado da doutrina de Cristo (crescimento cristão). Parece óbvio no texto que existe certa sequência no acontecimento das coisas. Será que seria correto alguém ser batizado antes de crer em Jesus e professar essa fé? Óbvio que não. Uma coisa depende da outra. O batismo só faz sentido se a pessoa já creu em Jesus. Da mesma forma, será que alguém poderia participar da Santa Ceia antes de ter crido em Cristo? Não parece lógico e apoiado pelas Escrituras que as coisas aconteçam assim, em uma sequência confusa e sem embasamento algum.

(3) Esse pensamento está em conformidade, por exemplo,com o acontecimento de Atos 2.38: Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.Observe que Pedro finaliza sua exposição da Palavra mostrando que eles precisavam se arrepender, crer e ser batizados. Após isso, é registrado algo interessante: ”Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas.”. Note que não houve uma Santa Ceia, mas um batismo após as pessoas crerem. E na sequência, ai sim, é registrado uma continuidade na vida cristã dessas pessoas como igreja:

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. (Atos 2.42).

(4) Assim, a Bíblia parece nos apontar que uma vez que a pessoa creu em Jesus e é reconhecidamente crente, deve se dispor ao batismo, onde mostra diante de todos, mediante o lavar da água, que seu coração é de Deus. Seguido a isso a pessoa está credenciada a participar de todos os benefícios comunitários de ser uma serva de Deus e um deles é o de participar do corpo e do sangue de Cristo.

(5) Não encontro elementos na Bíblia que apoiem nem explicita nem implicitamente que a Santa Ceia possa ser tomada sem que a pessoa seja reconhecidamente da família cristã (igreja). Sendo o batismo um dos primeiros passos práticos dado pelo cristão após crer, logo, ele deve ser dado para que os outros passos venham na sequência. Dessa forma o cristão deve participar da Ceia tão logo seja batizado e tenha professado sua fé diante da comunidade.

domingo, 30 de abril de 2017

Segui a paz com todos

Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” é um ensino bíblico registrado no capítulo 12 e versículo 14 da Epístola aos Hebreus. Esse é um dos versículos mais conhecidos da Bíblia, e certamente nos trás lições muito importantes.

O contexto da frase “segui a paz com todos e a santificação…”

escritor do livro de Hebreus estava escrevendo para cristãos judeus que viviam fora da Palestina. Esses cristãos estavam enfrentando muitas dificuldades e sofrimento por causa de sua fé, inclusive alguns perdendo seus familiares ou as próprias vidas na perseguição implacável do século 1 d.C.

Então o escritor neotestamentário escreveu uma carta encorajando esses cristãos a permanecerem firmes em Cristo Jesus. Na primeira parte do capítulo 12, ele fala sobre a disciplina divina (vers. 1-13), exortando seus leitores a:

Olharem para Jesus (vers. 1-3).Aceitarem a correção de Deus (vers. 4-6).Suportarem o sofrimento (vers. 7-11).Serem fortes (vers. 12,13).

Na segunda parte do capítulo 12, onde a frase “segui a paz com todos e a santificação…” está incluída, o escritor ensina seus destinatários a como viver uma vida santa diante de Deus, ou seja, como ter uma conduta da qual o Senhor se agrada (vers. 14-29). Com base nesse propósito, ele também enfatiza a importância do bom relacionamento e o cuidado que os cristãos devem ter uns para com os outros.

Vejamos a seguir um pouco mais sobre o significado da frase “segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.

Segui a paz com todos

Quando o escritor escreve “segui a paz com todos” ele está dizendo literalmente “corram em direção à paz”, “persigam a paz”, no sentido de empenhar toda energia necessária para que esse alvo seja alcançado, ou seja, o mandamento é que nos esforcemos pela paz. O termo traduzido como “segui” é o grego diokete, que transmite a ideia de correr prontamente e com determinação a fim de capturar alguma coisa, nesse caso, a paz.

A paz é uma virtude do fruto do Espírito Santo, e ela aparece intimamente relacionada às outras virtudes mencionadas por Paulo em Gálatas 5:22, especialmente com o amor e a alegria.

Na verdade a sequência que o apóstolo estabelece é “amor, alegria e alegria”. Essa ordem é facilmente compreendida, pois como pode haver alegria se houver amor? Como a paz pode estar presente se faltar a alegria?

A palavra “paz” nesse texto é o grego eirene, e é a mesma palavra que a Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, utiliza para traduzir o hebraico shalom, que, inclusive, possui um significado muito amplo que expressa um sentido de bem-estar completo.

No Novo Testamento, além desse conceito ser mantido, os autores também enfatizam o significado espiritual, especialmente relacionado à nova vida, à justiça e ao estado de tranquilidade da alma daquele que tem a certeza de sua salvação através de Cristo.

É por isso que essa paz tem origem em Deus, pois ela é um de seus atributos comunicáveis, ou seja, uma de suas qualidades que Ele compartilha conosco (Nm 6:26; Is 45:7; Rm 13:33; 2Co 13:11; etc). Em outras palavras, podemos dizer que é através da íntima comunhão com Cristo, o Príncipe da Paz, que podemos obter a verdadeira paz (Is 9:6; cf. Cl 3:15).

Portanto, apesar do contexto em Hebreus enfatizar, especialmente, o bom relacionamento entre os cristãos, aqui também podemos entender que esse “todos” com os quais devemos ter paz, abrange, de alguma forma, aqueles que são nossos inimigos declarados (Mt 5:44,45). A condição de “pacificadores” não se limita apenas ao nosso círculo cristão (Mt 5:9).

O conselho de seguir a paz com todos muito nos faz lembrar o que disse Davi no Salmo 34: “Aparta-te do mal e pratica o que é bom. procura a paz e esforça-te por alcançá-la” (Sl 34:14). Esse mesmo conselho também foi citado pelo apóstolo Pedro (1Pe 3:11).

E a santificação

A mesma aplicação e intensidade que autor expressou para exortar acerca da busca pela paz ele também utilizou para falar sobre a necessidade da santidade. A ordem é para seguir a paz com todos e a santificação, ou seja, a busca pela paz é inseparável da busca pela santificação. Logo, devemos perseguir a paz tanto quanto devemos perseguir a santificação.

A santificação é um processo que ocorre durante toda a vida daquele que foi redimido. A santidade não é um estado de completa perfeição que podemos alcançar nesse mundo, mas é algo que só alcançará seu cumprimento pleno no dia vindouro do maravilho retorno de nosso Senhor Jesus.

Nesse mundo ainda estamos sujeitos ao pecado, mas através da santificação nós vamos mortificando nossa carne e nos submetendo a vontade de Deus, a fim de que possamos ser cada vez mais parecidos com Cristo por meio da obra do Espírito Santo em nosso coração.

Sem a qual ninguém verá o Senhor

O escritor deixa claro que o resultado de não seguir a paz com todos e a santificação é ser privado de contemplar o Senhor. Automaticamente o “seguir a paz com todos e a santificação” leva alguém ao maior de todos os privilégios: ver o Senhor. Contemplar o Senhor é a única razão de nossas vidas, é o nosso maior alvo. Tudo se explica no ato de poder ver o Senhor face a face.

Aqui vale dizer que algumas pessoas entendem equivocadamente que a santificação é a causa da nossa salvação, no sentido de que só somos salvos porque nos santificamos, quando na verdade a santificação não é a causa, mas, sim, o efeito, ou seja, nos santificamos porque somos salvos.

Em outras palavras, se alguém diz ser salvo, mas sua conduta não reflete o caráter de Cristo, vive uma vida distante da vontade de Deus onde não se podem ver os resultados efetivos da santificação, então tal pessoa nunca foi verdadeiramente salva.

Isso ocorre porque apenas os redimidos é que estão aptos a santificação, já que o mesmo escritor de Hebreus destaca que é Cristo que santifica aqueles que são santificados (Hb 2:11).

Diante de tudo isso, a conclusão realmente é uma só: sem paz e santidade ninguém poderá ver o Senhor. Nosso Deus é amor, mas também é igualmente santo e justo. Nenhum de seus atributos é depreciado em favor de outros, apesar dos homens muitas vezes pensarem que sim, para poderem acreditar num tipo de deus desenhado segundo seu próprio gosto.

Porém, o homem goste ou não, Deus é totalmente amor, totalmente justiça e totalmente santo. Isso implica que um Deus santo não pode, de maneira alguma, aceitar a comunhão com alguém que não é santo, e sua justiça exige que o pecado seja punido.

Em outras palavras, só é possível que alguém tenha paz com Deus e seja considerado justo diante dele, se for reconciliado e feito santo mediante a obra de Cristo (Hb 2:10; 10:10,14,29; 13:12).

O profeta Isaías escreveu dizendo que até mesmo os serafins que constantemente estão proclamando a santidade de Deus diante de seu trono cobrem seus rostos, pois tamanha é a presença santa do Senhor dos Exércitos (Is 6:2).

Logo, a única conclusão possível de acordo com essa verdade é: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

As taças da ira de Deus

As sete taças da ira de Deus, também chamadas de “sete flagelos”, estão registradas nos capítulos 15 e 16 do livro do Apocalipse. Como não poderia ser diferente em se tratando de escatologia, existe muita discussão sobre esse relato.

Dentre as diferentes correntes escatológicas, basicamente existem três interpretações principais sobre esse assunto. A posição menos conhecida é da que as sete taças se referem exclusivamente ao período específico da época de João, anunciando o castigo e a queda do Império Romano. Essa posição é defendida por muitos preteristas.

Já a posição mais conhecida entre os cristãos, defende que as sete taças se referem exclusivamente ao período final que antecede a segunda vinda de Cristo. Quem adota essa posição, geralmente entende que tudo isso ocorrerá de forma literal na grande tribulação, após um arrebatamento secreto da Igreja. Logo, de acordo com a visão pré-tribulacionista a segunda vinda de Cristo seria uma segunda etapa do Seu retorno.

Essa posição é comum entre os cristãos que adotam o estilo de leitura futurista do Apocalipse, e entendem que o conteúdo do livro segue uma ordem cronologicamente sucessiva. É importante dizer que, para estes, a sexta taça trata do livramento de Cristo ao povo de Israel e aos cristãos que se converterão na grande tribulação, e a sétima taça se refere às pragas que serão enviadas literalmente ao mundo inteiro nesse período.

Por último, há também a posição que entende que as sete taças se referem ao período que compreende desde a primeira vinda de Cristo (sua morte, ressurreição e ascensão ao céu) até a Sua segunda vinda, de forma que o juízo de Deus é revelado de maneira progressiva.

Nessa posição, tanto é considerada a aplicação prática no contexto histórico das sete igrejas da Ásia Menor quanto à aplicação para todas as igrejas ao longo dos tempos, culminando, finalmente, numa descrição detalhada acerca dos momentos finais da presente era, com a segunda vinda de Cristo para livrar o seu povo (nesse caso a Igreja), a destruição das forças do mal e o juízo final.

As sete taças da ira de Deus: Como entender Apocalipse 15 e 16?

Das posições apresentadas acima, a última delas é a que se apresenta mais coerente com a interpretação do livro do Apocalipse, considerando sua estrutura, estilo, características e propósito.

Os capítulos 15 e 16 formam a quinta seção paralela do livro do Apocalipse. Sabemos que o livro do Apocalipse é organizado em sete seções paralelas e progressivas, ou seja, a mesma história é contada e recontada, porém de ângulos diferentes, de modo que a cada vez que a história se repete novos elementos e detalhes são introduzidos lançando luz sobre a profecia revelada ao Apóstolo João.

Nessa quinta seção, onde João registra a visão dos sete anjos com as sete taças da ira de Deus (ou sete flagelos), será enfatizado o juízo de Deus sob a dureza do coração do homem. Essa seção nos mostra o derramamento da ira de Deus sobre os homens, e a triste realidade de que, mesmo diante do juízo divino, os homens continuam endurecidos, rebeldes e blasfemos.

Essa visão registrada pelo Apóstolo João nos mostra que ao longo da História Deus sempre envia juízos parciais que avisam o iníquo sobre seu pecado (as trombetas), mas quando esses avisos são desprezados, então segue-se o derramamento conclusivo de Sua ira (as taças). É uma ira sem mistura, sem oportunidade para arrependimento, e que se torna completa no dia do juízo.

João começa o capítulo 15 escrevendo sobre a cena inicial de um culto (vers. 1-4), relembrando o culto ao redor do trono de Deus já mencionado anteriormente, sobretudo na visão do trono de Deus nos capítulos 4 e 5 do Apocalipse.

João mais uma vez contempla o mar de vidro (Ap 4:6), porém dessa vez ele forneceu um novo detalhe: esse mar é “mesclado de fogo” (Ap 15:2). O Apóstolo também viu “os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome“. Enquanto os ímpios estão nas turbulentas águas desse mundo, os vencedores estão sob o mar de vidro, descansando na paz da transparência da justiça de Deus que se revela como fogo para julgar o iníquo,

Esses vencedores estavam entoando cânticos numa grande adoração a Deus (Ap 15:3,4). João faz referência ao cântico de Moisés e ao cântico do Cordeiro. Esse cântico de Moisés é uma alusão ao cântico registrado no capítulo 15 do livro do Êxodo, que fala sobre a libertação do povo de Israel do Egito atravessando o mar vermelho. Já o cântico do Cordeiro é uma referência à obra expiatória de Cristo na cruz, ou seja, Seu sofrimento e Sua vitória.

A mensagem aqui é que, tal como os israelitas no Egito, os santos são libertados da opressão desse mundo iníquo que é castigado através das pragas enviadas por Deus. Esses vencedores que João viu são todos os salvos que morreram ao longo da História da Igreja, que foram fiéis e que venceram a besta e a marca de seu nome, isto é, venceram as tentações, perseguições e aflições desse mundo, e agora estão seguros na presença do Cordeiro.

O cântico entoado pelos vencedores é muito importante para a sequência da narrativa bíblica. Note a frase “Justos e verdadeiros são os teus caminhos” (Ap 15:3). Isso é como um aviso de que nada do que será registrado por João será injusto. Os flagelos da ira de Deus mostrados a João refletem a Sua justiça, são verdadeiros e corretos.

O versículo 4 começa com uma pergunta muito interessante: “Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor?” Em outras palavras, será que existe alguém louco o bastante de mesmo diante de toda a grandeza de Deus, diante do furor do Seu juízo, não lhe render glória? Mais à frente o capítulo 16 nos responderá.

João enfatiza que as taças portadas pelos sete anjos são os últimos sete flagelos da cólera de Deus, ou seja, com o derramamento dessas taças consuma-se a ira de Deus sobre o mundo.

Como em todo o livro do Apocalipse, nessa seção também há um uso muito grande de referências à textos do Antigo Testamento. Além do cântico de Moisés que já vimos, as próprias taças se assemelham bastante com algumas pragas que castigaram o Egito (Êx 7-11).

O mesmo podemos dizer da descrição da abertura do “Tabernáculo do Testemunho” (Ap 15:5-8). Aqui há uma referência ao santuário que continha a Arca da Aliança que guardava em seu interior o “Testemunho”, ou seja, as Tábuas da Lei. Era o lugar da habitação de Deus com Seu povo (Êx 25:16-28).

A abertura do Tabernáculo nos mostra que a ira a ser revelada é a ira do próprio Deus. O Santuário aqui é o céu, a morada de Deus. Os sete anjos da visão saíram do Santuário, ou seja, procederam da presença de Deus.

Eles estão vestidos com vestes semelhantes aos sacerdotes. No Antigo Testamento os sacerdotes eram uma espécie de intermediários entre Deus e os homens. Isso significa que esses anjos são representantes da ira do próprio Deus.

O Santuário então foi tomado de fumaça, e ninguém podia entrar nele até que se cumprissem os sete flagelos dos sete anjos (Ap 15:8). Isso também nos faz lembrar de passagens do Antigo Testamento onde a glória de Deus tomava o Tabernáculo/Templo, de modo que ninguém podia entrar (Êx 40:34,35; 1Rs 8:10,11).

Isso significa que no derramamento das taças não há mais possibilidade de arrependimento, não há mais possibilidade de intercessão, a ira de Deus está sendo manifestada e Ele não irá parar até que Seus propósitos sejam alcançados. Aqui, o Santuário está bloqueado, ou seja, o Deus irado tornou inacessível Suas ternas misericórdias.

A ligação entre as sete taças e as sete trombetas

Entre os versículos 5 e 8 do capítulo 15, temos a preparação das sete taças que serão derramadas. É interessante notar a profunda ligação que há nessa narrativa com a descrição das sete trombetas nos capítulos 8 a 11 do Apocalipse.

Mais uma vez é importante salientar a organização paralela e progressiva do livro do Apocalipse. Com isso, devemos compreender que as sete taças referem-se ao período de tempo que vai da primeira à segunda vinda de Cristo.

As seções do Apocalipse ocorrem paralelamente, e não sequencialmente, por exemplo, as taças não sucedem cronologicamente as trombetas, mas se encaixam, se completam, de modo que conforme vamos avançando na narrativa do livro, percebemos que as cenas vão ficando cada vez mais claras e completas. O juízo de Deus vai se revelando de um modo paralelo e progressivo no livro do Apocalipse.

A diferença entre as trombetas e as taças, basicamente é que as trombetas advertem os homens acerca do juízo de Deus, e as taças consumam a Sua cólera. As trombetas representam o juízo parcial, enquanto as taças mostram o juízo total.

Para entender essa ideia de “juízo parcial” e “juízo total”, basta notar que, apesar de serem paralelas, as seções são progressivas. Nas trombetas a destruição atinge apenas um terço da terra, do mar, dos rios, do sol e dos homens. Já nas taças a destruição atinge a totalidade, ou seja, os flagelos destroem tudo.

Também é interessante notar a inversão que há entre as trombetas e as taças. De sete trombetas, quatro se referem aos elementos naturais e três aos homens. Nas taças, quatro se referem ao homem e apenas três aos elementos naturais. Isso claramente mostra a intensificação do juízo de Deus que está sendo revelado na profecia.

Se com as trombetas há o juízo acompanhado do convite ao arrependimento, com as taças não há oportunidade mais para se arrepender. As sete taças mostram a ira de Deus sem mistura de misericórdia.

Tanto as taças como as trombetas terminam com uma cena do juízo final. Nas trombetas temos a descrição da colheita do trigo e os ímpios sendo esmagados no lagar da ira de Deus (Ap 14:14-20). Nas taças a descrição do juízo é bem mais detalhada (Ap 16:15-21).

O derramamento das sete taças

Em Apocalipse 16 temos o relato do derramamento das sete taças da ira de Deus. Primeiramente, devemos entender que, seguindo a característica literária do Apocalipse, os sete flagelos não devem ser interpretados literalmente, mas como uma referência à situação dos ímpios diante do juízo.

Enquanto os santos estão adorando o Deus Todo-Poderoso, os ímpios estão tomando do cálice de Sua ira. É importante lembrar que a Igreja é alvo das perseguições e

domingo, 23 de abril de 2017

Combati o bom combate

Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé” foram as palavras do apóstolo Paulo a Timóteo enquanto estava preso em Roma próximo ao seu martírio iminente.

Esse versículo encontra-se em 2 Timóteo 4:7, e certamente transmite um ensino valiosíssimo para todo cristão verdadeiro. A seguir, vamos entender o que o que significa “combati o bom combate” segundo o apóstolo Paulo.

O contexto de “combati o bom combate”

Essa frase está dentro de um contexto onde o apóstolo simplesmente exorta Timóteo, seu filho na fé e companheiro de ministério, a permanecer firme, sempre com fidelidade e zelo na pregação do Evangelho (2Tm 4:1-5), alertando-o que ele próprio já estava de partida desde mundo (2Tm 4:6-8).

É interessante que quando analisamos os três versículos que compõe todo esse pensamento do apóstolo Paulo (vers. 6,7 e 8), podemos perceber que ele analisa sua fé em três perspectivas diferentes: passado, presente e futuro.

No presente: “O tempo da minha partida é chegado”

No versículo 6 ele utiliza uma metáfora baseada na linguagem sacrifical do Antigo Testamento onde o vinho era derramado junto ao altar como uma oferta de gratidão a Deus, isto é, a libação (cf. Nm 15:5-10). Com isso, ele estava olhando para sua situação presente, e admitindo que sua vida estava chegando ao fim, ou seja, seu tempo de partida havia chegado, porém ele via o seu martírio como uma oferta de gratidão a Cristo.

Obviamente esse era o comportamento esperado de quem durante toda a carreira na fé entendeu que o verdadeiro seguidor de Cristo apresenta seu próprio corpo como “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12:1).

No mesmo versículo quando Paulo diz “o tempo da minha partida é chegado”, ele usa no original o termo grego analusis que significa “desprendimento”, “libertação” ou “soltura”. Esse termo foi traduzido para o português como “partida”, pois era uma metáfora utilizada para se referir ao desamarrar das amarras que prendem uma embarcação quando esta estava pronta para começar a navegar. Ele via a morte como sua libertação plena, a fim de poder navegar diretamente para os braços de Cristo (cf. Fp 1:21-23).

No passado: “Combati o bom combate”

Após fazer a analise da sua situação no presente, o apóstolo agora olha para o passado e declara simplesmente ter combatido o bom combate, completado a carreira e guardado a fé.

Não podemos desprezar o fato de ele ter dito “o bom combate”. No original, o apóstolo posicionou o objeto antes do verbo, ou seja, ele escreveu “o bom combate combati”, dando ainda mais ênfase ao termo que nos foi traduzido como “bom”. Esse termo é o grego kalos, que significa “excelente”, “gracioso”, “insuperável”, “bonito”, “precioso”, “recomendável”, “magnífico” ou “admirável”.

Percebe o quão importante o apóstolo considerava ser uma vida em prol do Evangelho de Cristo? Uma vida que do ponto de vista humano era repleta de privações, sofrimentos, dificuldades e dor, mas do ponto de vista da fé é um combate nobre, notável, singular e inigualável, que faz valer a pena qualquer desafio e adversidade.

Essa mesma regra do objeto antes do verbo segue no restante da frase, ou seja, “a carreira completei” e “a fé guardei”. Com isso, que parece ser algo insignificante, o apóstolo está simplesmente apontando para a verdade de que nele mesmo não há qualquer mérito. É como se aquele que se denominou como “o principal dos pecadores” estivesse dizendo: “Olha o que a graça fez comigo, o magnífico combate combati, a carreira completei e a fé guardei”.

Agora que entendemos o princípio dessa frase do apóstolo, vamos analisar o significado de cada parte de sua declaração.

O bom combate

Paulo utiliza a figura de uma luta, uma batalha ou um tipo de competição. A forma com que ele constrói essa expressão, conforme vimos acima, transmite a ideia de que o bom combate realmente significa algo muito duro, algo que exige muito de alguém.

Quando estudamos sobre a história de Paulo podemos facilmente perceber que tal expressão descreveu perfeitamente sua vida com Cristo. O apóstolo combateu principados e potestades, Satanás, perseguições dos judeus e gentios pagãos, falsas doutrinas, falsos profetas, apóstolos impostores, a cultura depravada do pecado, contendas e vícios carnais entre os próprios cristãos, hipocrisia, rejeição de seus próprios filhos na fé e sua própria velha natureza dentro de si. Assim, o apóstolo olha para todas essas coisas e exclama triunfante: “Combati o bom combate!”.

Acabei a carreira

O apóstolo agora utiliza o simbolismo de uma corrida de obstáculos, apontando para o fato de que pela graça de Deus ele conseguiu completar o ministério para o qual foi chamado. Em nenhum momento de sua carreira ele desviou-se de seu serviço no Reino de Deus, antes, não mediu esforços para que Deus fosse glorificado como Senhor do universo.

O grande objetivo da carreira de Paulo obviamente era a salvação de pecadores através do Evangelho de Cristo (1Co 9:22-24; 10:31-33). Sobre isso ele mesmo nos ensina sobre a principal motivação da evangelização, que consiste em Deus ser glorificado entre os homens (Rm 1:16-3:20).

Guardei a fé

Essa expressão conclui a declaração de Paulo ao analisar seu ministério que estava chegando ao fim. Ao dizer “guardei a fé” o apóstolo estava afirmando sua confissão de fé, dizendo que sua confiança no Deus que o escolheu permaneceu inabalável.

Perceba que essa é uma conclusão muito apropriada para quem disse “combati o bom combate, acabei a carreira”, pois ela explica o porquê desse resultado final, a saber, a fé que o manteve firme até o fim. Ele só combateu o bom combate e completou a carreira porque a fé genuína o sustentou.

Diante dessa declaração, nunca devemos pensar que ele estava reivindicando para si qualquer mérito próprio, como se ele mesmo, por seus próprios esforços, tivesse guardado a fé sem negá-la em nenhum momento, ao contrário, o próprio apóstolo já havia ensinado anteriormente que Deus é quem mantém seu povo firme até o fim (1Co 1:8,9).

No futuro: “A coroa da justiça me está guardada”

Após ter olhado para o presente e para o passado, o apóstolo foca o futuro e declara que “já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não apenas a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm 4:8).

Essa frase do apóstolo reflete uma sublime esperança acerca não só do seu futuro, mas de todos que, como ele, seguem verdadeiramente a Cristo. Além disso, também expressa uma plena confiança na soberania de Deus na condução da História.

Perceba que ele diz “já agora a coroa da justiça me está guardada”, ou seja, ele utiliza um verbo composto grego que enfatiza que nada poderá lhe privar de receber essa coroa.

A declaração do apóstolo está completamente fundamentada na certeza de que aqueles que combatem o bom combate, completa a carreira e guarda a fé, recebem de Deus a promessa da coroa da justiça perfeita, isto é, a vida eterna (1Tm 6:12; Tg 1:12; 1Pe 5:4; Ap 2:10).

Essa coroação representa a plenitude do processo de santificação do cristão, e é conferida pelo justo Juiz, não pelos méritos próprios de cada fiel, mas pelos méritos de Cristo que a mereceu para cada um deles (cf. Tt 3:5,6).

O justo Juiz a qual Paulo se refere é o próprio Cristo, que no grande Dia, isto é, o dia do julgamento, entregará a coroa da justiça a todos os que amam a sua vinda. Diante do retorno glorioso de Cristo os ímpios temem, enquanto os santos amam, os perversos se escondem enquanto os justos exclamam: Maranata!

Paulo estava prestes a ser condenado injustamente, e estava certo de que receberia a pena capital, mas ele não estava preocupado com o juízo de Nero, ele estava confortado na certeza de que há um justo Juiz, que é Soberano sobre tudo e todos, o qual todos os juízes da terra terão de se dobrar perante Ele, e que no dia que já está determinado presidirá o julgamento da qual ninguém poderá escapar.

Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé deve ser a declaração presente nos lábios de qualquer cristão genuíno que almeja a qualquer momento encontrar-se com o Senhor.