quinta-feira, 20 de julho de 2017

Quem é Jesus

Jesus Cristo é o Unigênito Filho de Deus que entregou sua própria vida em sacrifício para redimir todo aquele que nele crer. Sendo a Segunda Pessoa da Trindade, Jesus é igualmente Deus, assim como o Pai e o Espírito Santo.

Do Antigo ao Novo Testamento, do primeiro ao último livro, do começo ao fim, a Bíblia mostra claramente quem é Jesus Cristo, de modo que as informações são tão vastas que é impossível sintetizar tudo em um único texto.

As profecias acerca de Jesus

Por todo o Antigo Testamento encontramos inúmeras profecias acerca de Jesus, o Messias que haveria de vir. Na verdade não apenas as profecias diretamente, mas os salmos, os símbolos, os pactos e mesmo as palavras de repreensão e castigo apontavam, de alguma forma, para a pessoa e a obra de Cristo.

As profecias messiânicas mais conhecidas sobre quem é Jesus estão registradas no livro do profeta Isaías, onde ele profetizou sobre seu nascimento de uma virgem e sobre sua obra redentora (Isaías 7:14; 53).

O nascimento de Jesus

Jesus nasceu em Belém, na cidade do rei Davi, conforme foi profetizado pelo profeta Miqueias (Miqueias 5:2; cf. Mateus 2:1-12). Maria, uma jovem virgem de Nazaré, concebeu o Salvador do mundo por obra do Espírito Santo (Lucas 1:35).

Como não foi encontram vaga na estalagem, Maria deu à luz a Jesus Cristo num estábulo (Lucas 2:1-5). Os relatos bíblicos fornecem pouquíssima informação sobre sua infância e juventude, e apenas destacam o episódio em que Ele tinha doze anos e foi encontrado por José e Maria entre os doutores no Templo, e também dizem que Ele crescia “em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lucas 2:49-52).

O ministério terreno de Jesus

Quando tinha cerca de 30 anos, Jesus partiu de Nazaré e foi batizado por João Batista (Mateus 3:13-17), e logo depois, conduzido pelo Espírito, Ele foi levado ao deserto da Judéia para ser tentado (Mateus 4:1,2).

relato da tentação de Jesus contrasta com a tentação de Adão e Eva na Queda da raça humana (Gênesis 3). Jesus foi tentado, mas venceu todas as tentações e nunca pecou (Hebreus 4:15).

Após quarenta dias e quarenta noites no deserto, Jesus, pela virtude do Espírito Santo, voltou para a Galiléia e deu início ao seu ministério público, escolhendo seus discípulos e pregando por toda parte as boas-novas da chegada do reino dos céus (Mateus 4:17-25).

Jesus realizou grandes milagres, curando doentes, expulsando demônios, ressuscitando mortos, acalmando a tempestade, multiplicando o alimento e muitos outros milagres, de modo que o Evangelho de João afirma que seria impossível registrar todos eles (João 21:25). Todos esses milagres demonstravam o poder pleno de Jesus sobre todas as coisas.

A morte, ressurreição e ascensão de Jesus aos Céus

A última semana de Jesus antes de ser preso e morto, foi marcada por acontecimentos significativos, como a entrada triunfal em Jerusalém (Mateus 21:1-11), a purificação do Templo (Mateus 21:12-16), o pronunciamento de seu sermão escatológico (Mateus 24-25) e a instituição da Ceia (Mateus 26:26-30). Saiba mais sobre a última semana de Jesus.

Na mesma noite em que celebrou a Páscoa com seus discípulos e instituiu a Ceia do Senhor, Jesus foi traído e preso. O traidor foi um de seus discípulos, Judas Iscariotes (Mateus 26:47-56; Marcos 14:43-52; Lucas 22:47-53; João 18:1-12).

Após ser preso, Jesus foi julgado, torturado e condenado a morte, sendo crucificado num lugar chamado Calvário (Mateus 27:32-44). A crucificação era a pior e mais humilhante pena de morte da época. Ele ainda foi crucificado com uma coroa de espinhos, e em sua cruz foi colocada uma identificação que dizia: “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus” (João 19:19).

Para cumprir as Escrituras, um soldado ainda o transpassou com uma lança, furando o lado de seu corpo (João 19:31-37). Depois, Jesus foi sepultado num tumulo preparado por José de Arimatéia (Mateus 27:57-61). Jesus foi crucificado e sepultado na sexta-feira, mas no domingo Ele ressuscitou dos mortos. Após ressuscitar, Jesus subiu ao Céu, onde está exaltado a direita do Pai, deixando-nos a promessa de que um dia voltará (Atos 1:9-11).

Realmente quem é Jesus Cristo?

A pergunta sobre quem é Jesus não é uma pergunta de hoje. Já em sua época essa mesma pergunta era feita. Certa vez Ele próprio perguntou a seus discípulos: “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?” (Mateus 16:13).

A resposta dos discípulos foi interessante, e na verdade é ainda a mesma resposta dada por muitas pessoas na atualidade. Eles disseram que as pessoas diziam que Jesus era João Batista, o profeta Elias, o profeta Jeremias ou outros profetas (Mateus 16:14).

Isso significa que as pessoas simplesmente afirmavam que Ele era um homem como qualquer outro, sim, um homem notável como João, Elias ou Jeremias, mas ainda assim simplesmente um homem. No entanto, logo em seguida o apóstolo Pedro, revelado por Deus, respondeu essa pergunta de forma correta, ao dizer: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”(Mateus 16:16).

Jesus Cristo é Deus

O Evangelho de João nos revela essa verdade logo em suas primeiras palavras: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1). A divindade de Jesus é afirmada de forma clara durante todo o Novo Testamento, onde lemos que a plenitude da divindade habita nele, pois Ele é a imagem do Deus invisível (2 Coríntios 4:4; Colossenses 1:15-19; 2:9).

Além disso, Jesus possui os atributos divinos (Mateus 28:18; Hebreus 1:3; Apocalipse 2:23) e é designado com os mesmos nomes e títulos que Jeová recebe no Antigo Testamento (cf. Isaías 44:6; Apocalipse 1:17).

Tudo o que existe foi criado por Ele e para Ele (Colossenses 1:16), Ele tem poder para perdoar pecados (Colossenses 3:13) e receber adoração (Hebreus 1:6). Ele próprio declarou: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30).

Jesus Cristo é o verbo que se fez carne

Se a Bíblia é clara ao afirmar que Jesus Cristo é Deus, da mesma forma ela é suficientemente clara ao afirmar a humanidade de Jesus. De fato, o mesmo texto que afirma sua divindade, também afirma sua humanidade, isto é, “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (João 1:14).

Dessa forma, entendemos que Jesus era plenamente homem e plenamente Deus, e qualquer ensino que negue essa verdade não é o verdadeiro Evangelho. O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, afirma: “Cristo Jesus, homem”(1 Timóteo 2:5).

Portanto, Jesus experimentou as mesmas limitações que nós, como homens, experimentamos, como: sofrimentos, vontades, privações, dores, fome, cansaço, fraquezas etc. (Lucas 23:46; João 4:6-7; 6:38; 12:27), mas, diferente de nós, Ele nunca pecou.

Jesus Cristo é o Salvador

A morte e ressurreição de Jesus foi o clímax do plano divino da redenção, um plano concebido por Deus ainda na eternidade, antes da fundação do mundo (1 Pedro 1:19,20). É justamente nesse ponto, quando olhamos para sua obra redentora, que podemos entender por que Jesus precisava ser plenamente Deus e plenamente homem.

Apenas sendo homem Ele poderia morrer pregado numa cruz, e apenas sendo Deus, Ele poderia ser capaz de satisfazer a justiça divina e redimir o seu povo. Dessa forma, Jesus é muito mais do que apenas um bom exemplo a ser seguido, sua obra é muito maior do que qualquer ideia romântica de um martírio heroico.

Diante da pergunta sobre quem é Jesus Cristo, só nos resta responder que Ele é o Emanuel, o Deus conosco, e sua obra está além de qualquer possibilidade humana, visto que como Deus, Ele substituiu homens ao se fazer maldito por eles morrendo numa cruz. Sim, é impossível responder quem é Jesus sem se lembrar de que Ele ocupou o lugar de miseráveis pecadores, recebeu o castigo que lhes era merecido, e os reconciliou com Deus.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Onde abundou o pecado superabundou a graça”

Onde abundou o pecado superabundou a graça” é uma frase escrita pelo apóstolo Paulo para ressaltar a eficácia da graça de Deus no perdão de nossos pecados. O apóstolo escreveu essa frase em sua Epístola aos Romanos, capítulo 5 e versículo 20.

O contexto da frase “onde abundou o pecado superabundou a graça”

Essa frase está dentro de um contexto da Carta de Paulo aos Romanos onde o apóstolo estava tratando sobre a justificação pela fé (Rm 1:16-11:36). Ele começou mostrando a necessidade e a realidade da justificação (Rm 1:16-3:31), bem como sua fundamentação nas Escrituras, utilizando, inclusive, o exemplo de Abraão (Rm 4).

Entre os capítulos 5 e 8, o apóstolo fez uma exposição acerca da eficácia da justificação, bem como dos frutos que necessariamente resultam dela. Especialmente no capítulo 5, Paulo enfatizou a bênção da paz proveniente da justificação ao dizer que “havendo sido justificados pela fé, temos paz com Deus mediante nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1-11).

Nos versículos seguintes, o apóstolo fez um paralelo entre Adão e Cristo, mostrando assim a abundância e a certeza da salvação confirmada através da obra de Cristo (Rm 5:12-21). É importante saber que todo esse capítulo é envolto no conceito de que a salvação é exclusivamente por meio de Cristo.

Onde abundou o pecado

Para entendermos o que significa a expressão “onde abundou o pecado” precisamos considerar o que Paulo escreveu antes de tê-la mencionado. De forma bastante resumida, podemos destacar os seguintes pontos:

Através de Adão, o pecado, e, consequentemente, a morte, entraram no mundo (Rm 5:12);A morte permeia toda a humanidade, pois todos pecaram (Rm 5:12);Antes da Lei ter sido dada no Sinai a humanidade já vivia na prática do pecado, e a morte reinou sobre ela (Rm 5:13,14);A condenação pela transgressão procedida de Adão foi mais do que substituída pela justificação provida pela obra de Cristo para aqueles que, pela graça soberana de Deus, depositam n’Ele sua confiança e encontram seu Salvador (Rm 5:15-17);Uma só ofensa resultou em condenação para todos, assim como um só ato de justiça resultou em justificação que traz vida (Rm 5:19,18).

Com base nesses pontos principais, o apóstolo então declarou que “a Lei foi introduzida para que a transgressão abundasse” (Rm 5:20). É importante entender que o apóstolo não estava dizendo que a Lei é a causadora do pecado, no sentido de que ela faz com que haja mais pecado, ao contrário, ao dizer a expressão “para que a transgressão abundasse”, Paulo estava ensinando que a Lei veio para realçar o pecado, isto é, deixá-lo mais nítido, como se fosse uma lente de aumento que realça imperfeições que já existem, mas que, sem ela, não seria possível perceber.

É exatamente esse pensamento que explica a expressão “onde abundou o pecado”. Com base na Lei de Deus, o conhecimento acerca do pecado é enfatizado, mostrando ao homem toda sua pecaminosidade e seu estado miserável, pois são tão abundantes os seus pecados que é impossível que ele consiga vencê-los por seus próprios esforços.

Superabundou a graça

Ao entender o significado da expressão “onde abundou o pecado”, facilmente é possível entender que a expressão “superabundou a graça” significa a conclusão evidente do apóstolo de que onde o pecado aumenta a graça aumenta ainda mais.

Em outras palavras, quanto mais o homem percebe a nitidez de seu pecado à luz da Lei de Deus, mais ainda ele fica admirado e agradecido pela manifestação da graça de Deus em Jesus Cristo, que não apenas anula o pecado, mas o supera.

Isso fica claro em outra passagem onde o mesmo apóstolo escreve dizendo que a letra mata, mas o Espírito vivifica (2Co 3:6), ou seja, a Lei realça o pecado e exige um padrão de vida que agrada a Deus, porém ela não fornece a força necessária para que o homem consiga cumprir suas exigências, enquanto que a graça é plenamente eficaz em capacitar o homem a viver para Deus.

“Onde abundou o pecado superabundou a graça” significa uma permissão para pecar?

Algumas pessoas distorcem completamente essa frase tentando encontrar nela uma justificativa para suas condutas pecaminosas. Todavia, essa frase de forma alguma possui esse significado.

O próprio apóstolo Paulo repreendeu esse tipo de interpretação errada acerca do conceito de que onde abundou o pecado superabundou a graça, escrevendo o seguinte: “Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente?” (Rm 6:1). A resposta do apóstolo é direta e bastante explicativa: “De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?” (Rm 6:2).

Com isso, o apóstolo estava dizendo que a frase “onde abundou o pecado superabundou a graça” não está se referindo a um tipo de licença para pecar, ao contrário, está falando acerca da vitória sobre o pecado para aqueles que, pela graça de Deus, estão unidos a Cristo pela fé e vivem uma vida que agrada a Deus.

Quem usa a frase “onde abundou o pecado superabundou a graça” como desculpa para uma vida de iniquidade, tal pessoa está simplesmente tentando se auto-justificar, e na realidade desconhece a graça de Deus, pois o resultado prático da “superabundância da graça” é a libertação do pecado que naturalmente e, necessariamente, leva à santidade, “e o seu fim é a vida eterna” (Rm 6:22).

Certamente a melhor explicação sobre o verdadeiro significado da frase “onde abundou o pecado superabundou a graça” para aqueles que a entendem equivocadamente, é o que o apóstolo Paulo escreveu no capítulo 6 da mesma Carta aos Romanos, ao dizer: “Vocês foram libertos do pecado e tornaram-se escravos da justiça” (Rm 6:18).

Concluindo, saber que onde abundou o pecado superabundou a graça serve de conforto para nós, pois significa que a depravação humana é terrível e imensa, porém a graça de Deus é infinitamente maior e mais poderosa, a ponto de não apenas perdoar e anular o pecado daqueles que são vestidos de justiça pelos méritos de Cristo, mas de superá-lo de forma transbordante trazendo vida eterna (Rm 5:21).

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Cinco coisas que Deus nunca viu

Cinco coisas que Deus nunca viu

Dt 11: 11  mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas;
12  terra de que cuida o SENHOR, vosso Deus; os olhos do SENHOR, vosso Deus, estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano.

  Vamos aprender cinco coisas que Deus nunca viu:

1 – Deus nunca viu uma semente plantada que não desse fruto.

Gálatas 6:7  Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.

2co 9: 5  Portanto, julguei conveniente recomendar aos irmãos que me precedessem entre vós e preparassem de antemão a vossa dádiva já anunciada, para que esteja pronta como expressão de generosidade e não de avareza.
6 ¶ E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará.
7  Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.

2 – Deus nunca viu uma situação que Ele não possa reverter.

Jó 42:10  Mudou o SENHOR a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o SENHOR deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra.

Filipenses 4:13  tudo posso naquele que me fortalece.

3 – Deus nunca viu uma enfermidade que Ele não possa curar.

1 Pedro 2:24  carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.

Êxodo 15:26  e disse: Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o SENHOR, que te sara.

4 – Deus nunca viu um justo mendigar um pão.

Salmos 37:25  Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão.

Ml 3: 10  Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida.

5 – Deus nunca viu alguém que ele não possa salvar.

Lc 18: 26  E os que ouviram disseram: Sendo assim, quem pode ser salvo?
27  Mas ele respondeu: Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus.

João 10:9  Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Preciso ser batizado para participar da Santa Ceia?

Preciso ser batizado para participar da Santa Ceia?

Você Pergunta: Não vejo nada na Bíblia que ordene que as pessoas sejam batizadas para só depois poderem participar da Santa Ceia. Isso não é uma invenção da igreja? Onde está escrito que tem que se batizar para poder tomar santa ceia?

Caro leitor, muito interessante a sua indagação. Em primeiro lugar devemos ter em mente que a Bíblia não é um livro de “pode não pode”. Na Bíblia não contém um sim ou um não para cada situação específica possível que aconteça em nossa vida e sociedade. Ela tem sim algumas coleções de mandamentos, mas tem também princípios que devemos interpretar com sabedoria para chegarmos a conclusões sobre algum tema. É o caso do batismo ser realizado antes da Santa Ceia. Não temos um mandamento específico ordenando que a pessoa se batize antes de tomar da Santa Ceia, porém, temos alguns princípios que nos apontam que devemos sim proceder o batismo antes de servir a Santa Ceia a alguém:


(1) A ordem primária de Jesus aos Seus discípulos na grande comissão era para discipular e batizar os que crescem:

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mateus 28.19-20).

(2) O “crer” em Jesus é a condição mais básica do discipulado, que vai avançando na direção do batismo e do ensino cada vez mais aprofundado da doutrina de Cristo (crescimento cristão). Parece óbvio no texto que existe certa sequência no acontecimento das coisas. Será que seria correto alguém ser batizado antes de crer em Jesus e professar essa fé? Óbvio que não. Uma coisa depende da outra. O batismo só faz sentido se a pessoa já creu em Jesus. Da mesma forma, será que alguém poderia participar da Santa Ceia antes de ter crido em Cristo? Não parece lógico e apoiado pelas Escrituras que as coisas aconteçam assim, em uma sequência confusa e sem embasamento algum.

(3) Esse pensamento está em conformidade, por exemplo,com o acontecimento de Atos 2.38: Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.Observe que Pedro finaliza sua exposição da Palavra mostrando que eles precisavam se arrepender, crer e ser batizados. Após isso, é registrado algo interessante: ”Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas.”. Note que não houve uma Santa Ceia, mas um batismo após as pessoas crerem. E na sequência, ai sim, é registrado uma continuidade na vida cristã dessas pessoas como igreja:

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. (Atos 2.42).

(4) Assim, a Bíblia parece nos apontar que uma vez que a pessoa creu em Jesus e é reconhecidamente crente, deve se dispor ao batismo, onde mostra diante de todos, mediante o lavar da água, que seu coração é de Deus. Seguido a isso a pessoa está credenciada a participar de todos os benefícios comunitários de ser uma serva de Deus e um deles é o de participar do corpo e do sangue de Cristo.

(5) Não encontro elementos na Bíblia que apoiem nem explicita nem implicitamente que a Santa Ceia possa ser tomada sem que a pessoa seja reconhecidamente da família cristã (igreja). Sendo o batismo um dos primeiros passos práticos dado pelo cristão após crer, logo, ele deve ser dado para que os outros passos venham na sequência. Dessa forma o cristão deve participar da Ceia tão logo seja batizado e tenha professado sua fé diante da comunidade.

domingo, 30 de abril de 2017

Segui a paz com todos

Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” é um ensino bíblico registrado no capítulo 12 e versículo 14 da Epístola aos Hebreus. Esse é um dos versículos mais conhecidos da Bíblia, e certamente nos trás lições muito importantes.

O contexto da frase “segui a paz com todos e a santificação…”

escritor do livro de Hebreus estava escrevendo para cristãos judeus que viviam fora da Palestina. Esses cristãos estavam enfrentando muitas dificuldades e sofrimento por causa de sua fé, inclusive alguns perdendo seus familiares ou as próprias vidas na perseguição implacável do século 1 d.C.

Então o escritor neotestamentário escreveu uma carta encorajando esses cristãos a permanecerem firmes em Cristo Jesus. Na primeira parte do capítulo 12, ele fala sobre a disciplina divina (vers. 1-13), exortando seus leitores a:

Olharem para Jesus (vers. 1-3).Aceitarem a correção de Deus (vers. 4-6).Suportarem o sofrimento (vers. 7-11).Serem fortes (vers. 12,13).

Na segunda parte do capítulo 12, onde a frase “segui a paz com todos e a santificação…” está incluída, o escritor ensina seus destinatários a como viver uma vida santa diante de Deus, ou seja, como ter uma conduta da qual o Senhor se agrada (vers. 14-29). Com base nesse propósito, ele também enfatiza a importância do bom relacionamento e o cuidado que os cristãos devem ter uns para com os outros.

Vejamos a seguir um pouco mais sobre o significado da frase “segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.

Segui a paz com todos

Quando o escritor escreve “segui a paz com todos” ele está dizendo literalmente “corram em direção à paz”, “persigam a paz”, no sentido de empenhar toda energia necessária para que esse alvo seja alcançado, ou seja, o mandamento é que nos esforcemos pela paz. O termo traduzido como “segui” é o grego diokete, que transmite a ideia de correr prontamente e com determinação a fim de capturar alguma coisa, nesse caso, a paz.

A paz é uma virtude do fruto do Espírito Santo, e ela aparece intimamente relacionada às outras virtudes mencionadas por Paulo em Gálatas 5:22, especialmente com o amor e a alegria.

Na verdade a sequência que o apóstolo estabelece é “amor, alegria e alegria”. Essa ordem é facilmente compreendida, pois como pode haver alegria se houver amor? Como a paz pode estar presente se faltar a alegria?

A palavra “paz” nesse texto é o grego eirene, e é a mesma palavra que a Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, utiliza para traduzir o hebraico shalom, que, inclusive, possui um significado muito amplo que expressa um sentido de bem-estar completo.

No Novo Testamento, além desse conceito ser mantido, os autores também enfatizam o significado espiritual, especialmente relacionado à nova vida, à justiça e ao estado de tranquilidade da alma daquele que tem a certeza de sua salvação através de Cristo.

É por isso que essa paz tem origem em Deus, pois ela é um de seus atributos comunicáveis, ou seja, uma de suas qualidades que Ele compartilha conosco (Nm 6:26; Is 45:7; Rm 13:33; 2Co 13:11; etc). Em outras palavras, podemos dizer que é através da íntima comunhão com Cristo, o Príncipe da Paz, que podemos obter a verdadeira paz (Is 9:6; cf. Cl 3:15).

Portanto, apesar do contexto em Hebreus enfatizar, especialmente, o bom relacionamento entre os cristãos, aqui também podemos entender que esse “todos” com os quais devemos ter paz, abrange, de alguma forma, aqueles que são nossos inimigos declarados (Mt 5:44,45). A condição de “pacificadores” não se limita apenas ao nosso círculo cristão (Mt 5:9).

O conselho de seguir a paz com todos muito nos faz lembrar o que disse Davi no Salmo 34: “Aparta-te do mal e pratica o que é bom. procura a paz e esforça-te por alcançá-la” (Sl 34:14). Esse mesmo conselho também foi citado pelo apóstolo Pedro (1Pe 3:11).

E a santificação

A mesma aplicação e intensidade que autor expressou para exortar acerca da busca pela paz ele também utilizou para falar sobre a necessidade da santidade. A ordem é para seguir a paz com todos e a santificação, ou seja, a busca pela paz é inseparável da busca pela santificação. Logo, devemos perseguir a paz tanto quanto devemos perseguir a santificação.

A santificação é um processo que ocorre durante toda a vida daquele que foi redimido. A santidade não é um estado de completa perfeição que podemos alcançar nesse mundo, mas é algo que só alcançará seu cumprimento pleno no dia vindouro do maravilho retorno de nosso Senhor Jesus.

Nesse mundo ainda estamos sujeitos ao pecado, mas através da santificação nós vamos mortificando nossa carne e nos submetendo a vontade de Deus, a fim de que possamos ser cada vez mais parecidos com Cristo por meio da obra do Espírito Santo em nosso coração.

Sem a qual ninguém verá o Senhor

O escritor deixa claro que o resultado de não seguir a paz com todos e a santificação é ser privado de contemplar o Senhor. Automaticamente o “seguir a paz com todos e a santificação” leva alguém ao maior de todos os privilégios: ver o Senhor. Contemplar o Senhor é a única razão de nossas vidas, é o nosso maior alvo. Tudo se explica no ato de poder ver o Senhor face a face.

Aqui vale dizer que algumas pessoas entendem equivocadamente que a santificação é a causa da nossa salvação, no sentido de que só somos salvos porque nos santificamos, quando na verdade a santificação não é a causa, mas, sim, o efeito, ou seja, nos santificamos porque somos salvos.

Em outras palavras, se alguém diz ser salvo, mas sua conduta não reflete o caráter de Cristo, vive uma vida distante da vontade de Deus onde não se podem ver os resultados efetivos da santificação, então tal pessoa nunca foi verdadeiramente salva.

Isso ocorre porque apenas os redimidos é que estão aptos a santificação, já que o mesmo escritor de Hebreus destaca que é Cristo que santifica aqueles que são santificados (Hb 2:11).

Diante de tudo isso, a conclusão realmente é uma só: sem paz e santidade ninguém poderá ver o Senhor. Nosso Deus é amor, mas também é igualmente santo e justo. Nenhum de seus atributos é depreciado em favor de outros, apesar dos homens muitas vezes pensarem que sim, para poderem acreditar num tipo de deus desenhado segundo seu próprio gosto.

Porém, o homem goste ou não, Deus é totalmente amor, totalmente justiça e totalmente santo. Isso implica que um Deus santo não pode, de maneira alguma, aceitar a comunhão com alguém que não é santo, e sua justiça exige que o pecado seja punido.

Em outras palavras, só é possível que alguém tenha paz com Deus e seja considerado justo diante dele, se for reconciliado e feito santo mediante a obra de Cristo (Hb 2:10; 10:10,14,29; 13:12).

O profeta Isaías escreveu dizendo que até mesmo os serafins que constantemente estão proclamando a santidade de Deus diante de seu trono cobrem seus rostos, pois tamanha é a presença santa do Senhor dos Exércitos (Is 6:2).

Logo, a única conclusão possível de acordo com essa verdade é: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

As taças da ira de Deus

As sete taças da ira de Deus, também chamadas de “sete flagelos”, estão registradas nos capítulos 15 e 16 do livro do Apocalipse. Como não poderia ser diferente em se tratando de escatologia, existe muita discussão sobre esse relato.

Dentre as diferentes correntes escatológicas, basicamente existem três interpretações principais sobre esse assunto. A posição menos conhecida é da que as sete taças se referem exclusivamente ao período específico da época de João, anunciando o castigo e a queda do Império Romano. Essa posição é defendida por muitos preteristas.

Já a posição mais conhecida entre os cristãos, defende que as sete taças se referem exclusivamente ao período final que antecede a segunda vinda de Cristo. Quem adota essa posição, geralmente entende que tudo isso ocorrerá de forma literal na grande tribulação, após um arrebatamento secreto da Igreja. Logo, de acordo com a visão pré-tribulacionista a segunda vinda de Cristo seria uma segunda etapa do Seu retorno.

Essa posição é comum entre os cristãos que adotam o estilo de leitura futurista do Apocalipse, e entendem que o conteúdo do livro segue uma ordem cronologicamente sucessiva. É importante dizer que, para estes, a sexta taça trata do livramento de Cristo ao povo de Israel e aos cristãos que se converterão na grande tribulação, e a sétima taça se refere às pragas que serão enviadas literalmente ao mundo inteiro nesse período.

Por último, há também a posição que entende que as sete taças se referem ao período que compreende desde a primeira vinda de Cristo (sua morte, ressurreição e ascensão ao céu) até a Sua segunda vinda, de forma que o juízo de Deus é revelado de maneira progressiva.

Nessa posição, tanto é considerada a aplicação prática no contexto histórico das sete igrejas da Ásia Menor quanto à aplicação para todas as igrejas ao longo dos tempos, culminando, finalmente, numa descrição detalhada acerca dos momentos finais da presente era, com a segunda vinda de Cristo para livrar o seu povo (nesse caso a Igreja), a destruição das forças do mal e o juízo final.

As sete taças da ira de Deus: Como entender Apocalipse 15 e 16?

Das posições apresentadas acima, a última delas é a que se apresenta mais coerente com a interpretação do livro do Apocalipse, considerando sua estrutura, estilo, características e propósito.

Os capítulos 15 e 16 formam a quinta seção paralela do livro do Apocalipse. Sabemos que o livro do Apocalipse é organizado em sete seções paralelas e progressivas, ou seja, a mesma história é contada e recontada, porém de ângulos diferentes, de modo que a cada vez que a história se repete novos elementos e detalhes são introduzidos lançando luz sobre a profecia revelada ao Apóstolo João.

Nessa quinta seção, onde João registra a visão dos sete anjos com as sete taças da ira de Deus (ou sete flagelos), será enfatizado o juízo de Deus sob a dureza do coração do homem. Essa seção nos mostra o derramamento da ira de Deus sobre os homens, e a triste realidade de que, mesmo diante do juízo divino, os homens continuam endurecidos, rebeldes e blasfemos.

Essa visão registrada pelo Apóstolo João nos mostra que ao longo da História Deus sempre envia juízos parciais que avisam o iníquo sobre seu pecado (as trombetas), mas quando esses avisos são desprezados, então segue-se o derramamento conclusivo de Sua ira (as taças). É uma ira sem mistura, sem oportunidade para arrependimento, e que se torna completa no dia do juízo.

João começa o capítulo 15 escrevendo sobre a cena inicial de um culto (vers. 1-4), relembrando o culto ao redor do trono de Deus já mencionado anteriormente, sobretudo na visão do trono de Deus nos capítulos 4 e 5 do Apocalipse.

João mais uma vez contempla o mar de vidro (Ap 4:6), porém dessa vez ele forneceu um novo detalhe: esse mar é “mesclado de fogo” (Ap 15:2). O Apóstolo também viu “os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome“. Enquanto os ímpios estão nas turbulentas águas desse mundo, os vencedores estão sob o mar de vidro, descansando na paz da transparência da justiça de Deus que se revela como fogo para julgar o iníquo,

Esses vencedores estavam entoando cânticos numa grande adoração a Deus (Ap 15:3,4). João faz referência ao cântico de Moisés e ao cântico do Cordeiro. Esse cântico de Moisés é uma alusão ao cântico registrado no capítulo 15 do livro do Êxodo, que fala sobre a libertação do povo de Israel do Egito atravessando o mar vermelho. Já o cântico do Cordeiro é uma referência à obra expiatória de Cristo na cruz, ou seja, Seu sofrimento e Sua vitória.

A mensagem aqui é que, tal como os israelitas no Egito, os santos são libertados da opressão desse mundo iníquo que é castigado através das pragas enviadas por Deus. Esses vencedores que João viu são todos os salvos que morreram ao longo da História da Igreja, que foram fiéis e que venceram a besta e a marca de seu nome, isto é, venceram as tentações, perseguições e aflições desse mundo, e agora estão seguros na presença do Cordeiro.

O cântico entoado pelos vencedores é muito importante para a sequência da narrativa bíblica. Note a frase “Justos e verdadeiros são os teus caminhos” (Ap 15:3). Isso é como um aviso de que nada do que será registrado por João será injusto. Os flagelos da ira de Deus mostrados a João refletem a Sua justiça, são verdadeiros e corretos.

O versículo 4 começa com uma pergunta muito interessante: “Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor?” Em outras palavras, será que existe alguém louco o bastante de mesmo diante de toda a grandeza de Deus, diante do furor do Seu juízo, não lhe render glória? Mais à frente o capítulo 16 nos responderá.

João enfatiza que as taças portadas pelos sete anjos são os últimos sete flagelos da cólera de Deus, ou seja, com o derramamento dessas taças consuma-se a ira de Deus sobre o mundo.

Como em todo o livro do Apocalipse, nessa seção também há um uso muito grande de referências à textos do Antigo Testamento. Além do cântico de Moisés que já vimos, as próprias taças se assemelham bastante com algumas pragas que castigaram o Egito (Êx 7-11).

O mesmo podemos dizer da descrição da abertura do “Tabernáculo do Testemunho” (Ap 15:5-8). Aqui há uma referência ao santuário que continha a Arca da Aliança que guardava em seu interior o “Testemunho”, ou seja, as Tábuas da Lei. Era o lugar da habitação de Deus com Seu povo (Êx 25:16-28).

A abertura do Tabernáculo nos mostra que a ira a ser revelada é a ira do próprio Deus. O Santuário aqui é o céu, a morada de Deus. Os sete anjos da visão saíram do Santuário, ou seja, procederam da presença de Deus.

Eles estão vestidos com vestes semelhantes aos sacerdotes. No Antigo Testamento os sacerdotes eram uma espécie de intermediários entre Deus e os homens. Isso significa que esses anjos são representantes da ira do próprio Deus.

O Santuário então foi tomado de fumaça, e ninguém podia entrar nele até que se cumprissem os sete flagelos dos sete anjos (Ap 15:8). Isso também nos faz lembrar de passagens do Antigo Testamento onde a glória de Deus tomava o Tabernáculo/Templo, de modo que ninguém podia entrar (Êx 40:34,35; 1Rs 8:10,11).

Isso significa que no derramamento das taças não há mais possibilidade de arrependimento, não há mais possibilidade de intercessão, a ira de Deus está sendo manifestada e Ele não irá parar até que Seus propósitos sejam alcançados. Aqui, o Santuário está bloqueado, ou seja, o Deus irado tornou inacessível Suas ternas misericórdias.

A ligação entre as sete taças e as sete trombetas

Entre os versículos 5 e 8 do capítulo 15, temos a preparação das sete taças que serão derramadas. É interessante notar a profunda ligação que há nessa narrativa com a descrição das sete trombetas nos capítulos 8 a 11 do Apocalipse.

Mais uma vez é importante salientar a organização paralela e progressiva do livro do Apocalipse. Com isso, devemos compreender que as sete taças referem-se ao período de tempo que vai da primeira à segunda vinda de Cristo.

As seções do Apocalipse ocorrem paralelamente, e não sequencialmente, por exemplo, as taças não sucedem cronologicamente as trombetas, mas se encaixam, se completam, de modo que conforme vamos avançando na narrativa do livro, percebemos que as cenas vão ficando cada vez mais claras e completas. O juízo de Deus vai se revelando de um modo paralelo e progressivo no livro do Apocalipse.

A diferença entre as trombetas e as taças, basicamente é que as trombetas advertem os homens acerca do juízo de Deus, e as taças consumam a Sua cólera. As trombetas representam o juízo parcial, enquanto as taças mostram o juízo total.

Para entender essa ideia de “juízo parcial” e “juízo total”, basta notar que, apesar de serem paralelas, as seções são progressivas. Nas trombetas a destruição atinge apenas um terço da terra, do mar, dos rios, do sol e dos homens. Já nas taças a destruição atinge a totalidade, ou seja, os flagelos destroem tudo.

Também é interessante notar a inversão que há entre as trombetas e as taças. De sete trombetas, quatro se referem aos elementos naturais e três aos homens. Nas taças, quatro se referem ao homem e apenas três aos elementos naturais. Isso claramente mostra a intensificação do juízo de Deus que está sendo revelado na profecia.

Se com as trombetas há o juízo acompanhado do convite ao arrependimento, com as taças não há oportunidade mais para se arrepender. As sete taças mostram a ira de Deus sem mistura de misericórdia.

Tanto as taças como as trombetas terminam com uma cena do juízo final. Nas trombetas temos a descrição da colheita do trigo e os ímpios sendo esmagados no lagar da ira de Deus (Ap 14:14-20). Nas taças a descrição do juízo é bem mais detalhada (Ap 16:15-21).

O derramamento das sete taças

Em Apocalipse 16 temos o relato do derramamento das sete taças da ira de Deus. Primeiramente, devemos entender que, seguindo a característica literária do Apocalipse, os sete flagelos não devem ser interpretados literalmente, mas como uma referência à situação dos ímpios diante do juízo.

Enquanto os santos estão adorando o Deus Todo-Poderoso, os ímpios estão tomando do cálice de Sua ira. É importante lembrar que a Igreja é alvo das perseguições e

domingo, 23 de abril de 2017

Combati o bom combate

Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé” foram as palavras do apóstolo Paulo a Timóteo enquanto estava preso em Roma próximo ao seu martírio iminente.

Esse versículo encontra-se em 2 Timóteo 4:7, e certamente transmite um ensino valiosíssimo para todo cristão verdadeiro. A seguir, vamos entender o que o que significa “combati o bom combate” segundo o apóstolo Paulo.

O contexto de “combati o bom combate”

Essa frase está dentro de um contexto onde o apóstolo simplesmente exorta Timóteo, seu filho na fé e companheiro de ministério, a permanecer firme, sempre com fidelidade e zelo na pregação do Evangelho (2Tm 4:1-5), alertando-o que ele próprio já estava de partida desde mundo (2Tm 4:6-8).

É interessante que quando analisamos os três versículos que compõe todo esse pensamento do apóstolo Paulo (vers. 6,7 e 8), podemos perceber que ele analisa sua fé em três perspectivas diferentes: passado, presente e futuro.

No presente: “O tempo da minha partida é chegado”

No versículo 6 ele utiliza uma metáfora baseada na linguagem sacrifical do Antigo Testamento onde o vinho era derramado junto ao altar como uma oferta de gratidão a Deus, isto é, a libação (cf. Nm 15:5-10). Com isso, ele estava olhando para sua situação presente, e admitindo que sua vida estava chegando ao fim, ou seja, seu tempo de partida havia chegado, porém ele via o seu martírio como uma oferta de gratidão a Cristo.

Obviamente esse era o comportamento esperado de quem durante toda a carreira na fé entendeu que o verdadeiro seguidor de Cristo apresenta seu próprio corpo como “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12:1).

No mesmo versículo quando Paulo diz “o tempo da minha partida é chegado”, ele usa no original o termo grego analusis que significa “desprendimento”, “libertação” ou “soltura”. Esse termo foi traduzido para o português como “partida”, pois era uma metáfora utilizada para se referir ao desamarrar das amarras que prendem uma embarcação quando esta estava pronta para começar a navegar. Ele via a morte como sua libertação plena, a fim de poder navegar diretamente para os braços de Cristo (cf. Fp 1:21-23).

No passado: “Combati o bom combate”

Após fazer a analise da sua situação no presente, o apóstolo agora olha para o passado e declara simplesmente ter combatido o bom combate, completado a carreira e guardado a fé.

Não podemos desprezar o fato de ele ter dito “o bom combate”. No original, o apóstolo posicionou o objeto antes do verbo, ou seja, ele escreveu “o bom combate combati”, dando ainda mais ênfase ao termo que nos foi traduzido como “bom”. Esse termo é o grego kalos, que significa “excelente”, “gracioso”, “insuperável”, “bonito”, “precioso”, “recomendável”, “magnífico” ou “admirável”.

Percebe o quão importante o apóstolo considerava ser uma vida em prol do Evangelho de Cristo? Uma vida que do ponto de vista humano era repleta de privações, sofrimentos, dificuldades e dor, mas do ponto de vista da fé é um combate nobre, notável, singular e inigualável, que faz valer a pena qualquer desafio e adversidade.

Essa mesma regra do objeto antes do verbo segue no restante da frase, ou seja, “a carreira completei” e “a fé guardei”. Com isso, que parece ser algo insignificante, o apóstolo está simplesmente apontando para a verdade de que nele mesmo não há qualquer mérito. É como se aquele que se denominou como “o principal dos pecadores” estivesse dizendo: “Olha o que a graça fez comigo, o magnífico combate combati, a carreira completei e a fé guardei”.

Agora que entendemos o princípio dessa frase do apóstolo, vamos analisar o significado de cada parte de sua declaração.

O bom combate

Paulo utiliza a figura de uma luta, uma batalha ou um tipo de competição. A forma com que ele constrói essa expressão, conforme vimos acima, transmite a ideia de que o bom combate realmente significa algo muito duro, algo que exige muito de alguém.

Quando estudamos sobre a história de Paulo podemos facilmente perceber que tal expressão descreveu perfeitamente sua vida com Cristo. O apóstolo combateu principados e potestades, Satanás, perseguições dos judeus e gentios pagãos, falsas doutrinas, falsos profetas, apóstolos impostores, a cultura depravada do pecado, contendas e vícios carnais entre os próprios cristãos, hipocrisia, rejeição de seus próprios filhos na fé e sua própria velha natureza dentro de si. Assim, o apóstolo olha para todas essas coisas e exclama triunfante: “Combati o bom combate!”.

Acabei a carreira

O apóstolo agora utiliza o simbolismo de uma corrida de obstáculos, apontando para o fato de que pela graça de Deus ele conseguiu completar o ministério para o qual foi chamado. Em nenhum momento de sua carreira ele desviou-se de seu serviço no Reino de Deus, antes, não mediu esforços para que Deus fosse glorificado como Senhor do universo.

O grande objetivo da carreira de Paulo obviamente era a salvação de pecadores através do Evangelho de Cristo (1Co 9:22-24; 10:31-33). Sobre isso ele mesmo nos ensina sobre a principal motivação da evangelização, que consiste em Deus ser glorificado entre os homens (Rm 1:16-3:20).

Guardei a fé

Essa expressão conclui a declaração de Paulo ao analisar seu ministério que estava chegando ao fim. Ao dizer “guardei a fé” o apóstolo estava afirmando sua confissão de fé, dizendo que sua confiança no Deus que o escolheu permaneceu inabalável.

Perceba que essa é uma conclusão muito apropriada para quem disse “combati o bom combate, acabei a carreira”, pois ela explica o porquê desse resultado final, a saber, a fé que o manteve firme até o fim. Ele só combateu o bom combate e completou a carreira porque a fé genuína o sustentou.

Diante dessa declaração, nunca devemos pensar que ele estava reivindicando para si qualquer mérito próprio, como se ele mesmo, por seus próprios esforços, tivesse guardado a fé sem negá-la em nenhum momento, ao contrário, o próprio apóstolo já havia ensinado anteriormente que Deus é quem mantém seu povo firme até o fim (1Co 1:8,9).

No futuro: “A coroa da justiça me está guardada”

Após ter olhado para o presente e para o passado, o apóstolo foca o futuro e declara que “já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não apenas a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm 4:8).

Essa frase do apóstolo reflete uma sublime esperança acerca não só do seu futuro, mas de todos que, como ele, seguem verdadeiramente a Cristo. Além disso, também expressa uma plena confiança na soberania de Deus na condução da História.

Perceba que ele diz “já agora a coroa da justiça me está guardada”, ou seja, ele utiliza um verbo composto grego que enfatiza que nada poderá lhe privar de receber essa coroa.

A declaração do apóstolo está completamente fundamentada na certeza de que aqueles que combatem o bom combate, completa a carreira e guarda a fé, recebem de Deus a promessa da coroa da justiça perfeita, isto é, a vida eterna (1Tm 6:12; Tg 1:12; 1Pe 5:4; Ap 2:10).

Essa coroação representa a plenitude do processo de santificação do cristão, e é conferida pelo justo Juiz, não pelos méritos próprios de cada fiel, mas pelos méritos de Cristo que a mereceu para cada um deles (cf. Tt 3:5,6).

O justo Juiz a qual Paulo se refere é o próprio Cristo, que no grande Dia, isto é, o dia do julgamento, entregará a coroa da justiça a todos os que amam a sua vinda. Diante do retorno glorioso de Cristo os ímpios temem, enquanto os santos amam, os perversos se escondem enquanto os justos exclamam: Maranata!

Paulo estava prestes a ser condenado injustamente, e estava certo de que receberia a pena capital, mas ele não estava preocupado com o juízo de Nero, ele estava confortado na certeza de que há um justo Juiz, que é Soberano sobre tudo e todos, o qual todos os juízes da terra terão de se dobrar perante Ele, e que no dia que já está determinado presidirá o julgamento da qual ninguém poderá escapar.

Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé deve ser a declaração presente nos lábios de qualquer cristão genuíno que almeja a qualquer momento encontrar-se com o Senhor.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Verdadeiro jejum

Lucas 5.33-35

-Introdução:O jejum é tão bíblico que fazia parte da rotina de vida do povo de Deus tanto no Antigo como no Novo Testamento. Mas o que é o jejum? É um voto de abstinência de alimentos por certo período de tempo com a finalidade de se consagrar. Durante o jejum a pessoa demonstra que o seu propósito é mais importante do que o próprio alimento vital para sua sobrevivência.

João Wesley jejuava duas vezes por semana até a hora do chá e estimulou todos os seus seguidores a fazerem o mesmo dizendo que “o homem que nunca jejua está tão distante do céu quanto o que nunca ora.”

Ao mortificar a carne negando-lhe prazeres e sustento, o espírito é fortalecido (Marcos 14.38) como Jesus orientou que “se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Marcos 8.34).

Como deve ser o jejum?

Vamos aprender sobre o jejum bíblico:
1- Por que jejuarMateus 17.21

O jejum é muito importante para anular a carne e nos aproximar de Deus. Quando estamos em jejum reconhecemos nossas fraquezas e buscamos força espiritual. A grande conquista no jejum é um estado de completa dependência de Deus.

Através do jejum recebemos poder espiritual para vencer o pecado, suportar o mundo e expulsar demônios vencendo todas as fortalezas do inimigo. A santificação deve ser buscada em jejum e oração constante.

Também é possível jejuar por motivos específicos como, por exemplo, pela salvação de alguém ou cura de uma enfermidade como fez Ester intercedendo pelo livramento de seu povo (Ester 4.16 e 5.2).

Você tem muitos motivos para jejuar, principalmente se consagrar a Deus!

2- O jejum que agrada a Deus:Isaías 58.4-7

O jejum que agrada a Deus não abster-se apenas de comida, mas do pecado e de toda forma de mal. Praticar o bem é a melhor forma de se alimentar espiritualmente como Jesus que jejuou no deserto por 40 dias e noites se preparando para o início de seu ministério (Mateus 4.1-11) e ensinou que “a minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (João 4.34).

Há várias maneiras de jejuar por tempo, propósitos e abstinência de alimentos diferentes como Daniel que se absteve apenas do manjar do rei (Daniel 1.8) mas continuou se alimentando com água e legumes (Daniel 1.12). Mas em outro momento jejuou completamente por vinte e um dias (Daniel 10.2,3).

Alguns tipos de jejum são:

-Total: sem comer nada da hora que inicia até o momento da entrega do jejum;

-Sólidos: bebendo apenas água ou algum líquido por motivos de saúde;

-Parcial: de algo que gosta muito como doces, café, refrigerante, etc;

-Prático: de algum hábito ou prazer como assistir TV, internet, língua (silêncio), etc.

E quanto ao período? Quanto tempo deve ser o jejum?

O tempo de jejum pode variar de acordo com o propósito da pessoa. O mais comum é o jejum matinal, mas há quem jejue desde a noite anterior, deixando de jantar e conclui no almoço do outro dia. Algumas pessoas jejum apenas deixando de tomar o café da manhã no horário normal e fazendo o desjejum um pouco mais tarde. Isso é feito principalmente por pessoas que têm problemas de saúde e dificuldades de ficar sem alimentar muito tempo ou têm que fazer atividades físicas que exigem mais energia.

Deus não quer sacrifício e sim obediência porque “obedecer é melhor do que o sacrificar” (I Samuel 15.22). O que importa mesmo no jejum é a qualidade da consagração. É indispensável a dedicação e concentração total durante o jejum. Desde que o jejum seja feito com meditação na Palavra de Deus, oração e adoração não importa o tempo de duração.

3- Como jejuar?Mateus 6.16,17

De acordo com as palavras de Jesus, o momento de jejum deve ser de alegria, ou seja, um tempo de prazer na presença de Deus. O jejum também não pode ser feito para mostrar aos outros e sim exclusivamente para Deus. Portanto, se não houver necessidade, não é preciso sair contando para todos que está em jejum.

Algumas dicas para fazer o jejum:

1º - tenha um propósito específico ou motivo para seu jejum;

2º - planeje o tempo que vai jejuar e a forma ou o que vai se abstiver;

3º - inicie o jejum orando, pedindo perdão e forças. Leia a Bíblia e louve ao Senhor;

4º - concentre-se o máximo possível, refletindo, cantando, orando ou lendo;

5º - ao terminar o jejum, ore entregando o propósito a Deus;

Faça o jejum como puder, só não deixe de se consagrar a Deus!

Você precisa jejuar!

-CONCLUSÃO:

O jejum deve ser feito para Deus e não para nós mesmos (Zacarias 7.4-6). O propósito depois de feito deve ser cumprido porque “quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes” (Eclesiastes 5.4). Não espere precisar de um socorro para jejuar em consagração. O jejum deve ser parte da rotina do cristão que deseja se dedicar a Deus.

Você tem o hábito de jejuar?

Faça um propósito de consagração em jejum a Deus!

sexta-feira, 14 de abril de 2017

O verdadeiro sentido da Páscoa

O Verdadeiro Sentido da Páscoa (Pêssach)

Páscoa é a festa que marca o início do calendário bíblico de Israel e delimita as datas de todas as outras festas na Bíblia. Páscoa (Pêssarr, em hebraico) significa literalmente “passagem” (pois o Senhor “passou” sobre as casas dos filhos de Israel, poupando-os. Ex 12:27). É uma FESTA instituída por D-us como um memorial para que os filhos de Israel jamais se esquecessem que foram escravos no Egito, e que o próprio D-us os libertou com mão poderosa, trazendo juízo sobre os deuses do Egito e sobre Faraó. (Ex 12). Páscoa fala de memória, de identidade. O povo de ISRAEL foi liberto do Egito para poder servir a D-us e ser luz para as nações. Páscoa é uma FESTA instituída para que jamais ISRAEL se esquecesse quem foi, quem é e o que deve ser. Da mesma forma,  todos os que são discípulos do Mashiach são co-herdeiros e co-participantes das promessas e das alianças dadas por D-us a Israel, pois através do Evangelho foram enxertados em ISRAEL e são parte do mesmo corpo (judeus e não-judeus), a Família de D-us (Ef 3:6). Daí, conforme o ensino apostólico em I Co 5:8, os discípulos de Yeshua não-judeus podem e devem também celebrar este memorial. O simbolismo da Páscoa é parte da mensagem no Novo Testamento, e toda a obra da Cruz se baseia no evento da Páscoa Judaica. Yeshua não apenas é morto em Páscoa, mas ele simboliza o próprio CORDEIRO pascal (I Co 5:8), que TIRA o pecado do mundo (Jo 1:29) e cujo sangue nos liberta, nos resgata da escravidão do pecado e nos SELA como Seus filhos.  Nele (Yeshua), somos feitos NOVAS CRIATURAS sem o fermento da malícia e da maldade. Como podemos ver, não se pode entender a obra da cruz sem o conhecimento dessa que é a mais simbólica das Festas de D-us. Páscoa fala de nossa LIBERTAÇÃO para servirmos a D-us.

Representação de um Sêder (jantar) de Pêssach dos dias de Yeshua

Como os antigos judeus comemoravam esta data?
Segundo Ex capítulo 12, Páscoa deveria ser celebrada com um jantar familiar, onde um Cordeiro seria assado e comido por todos. O jantar também deveria ter o pão asmo ou sem fermento (matzá, em hebraico) e ervas amargas. O pão sem fermento nos ajuda a lembrar que na noite da Páscoa no Egito, comemos às pressas e o pão não teve tempo de fermentar. As ervas amargas nos lembram de como nossa vida era amarga quando éramos escravos de Faraó. Por volta do ano 550 a.C., os judeus criaram uma seqüência para o jantar (chamada de Hagadá), que incluía o RELATO do Êxodo, os 4 cálices de vinho e o Charosset (pasta doce).  A intenção do mandamento (Ex 12:26) é que TODOS os membros da família participem das narrativas e da liturgia, e que a festa seja uma ferramenta DIDÁTICA para se ensinar às crianças sobre como o Senhor nos libertou com mão forte do Egito. Yeshua, quando celebrou seu último jantar de Páscoa com os discípulos, seguiu exatamente a tradição judaica vigente em sua época e até os dias de hoje. Ele utilizou quase todos os elementos e a seqüência que temos hoje nos lares judaicos. Não apenas isso, mas ele utilizou parte da tradição criada no séc VI a.C. para institucionalizar a Santa Ceia (um Kidush com simbolismo mais rico).

Existem adereços especiais que nos ajudam a ver como a Páscoa era comemorada?
A forma como desde o século VI a.C. os judeus celebram a Festa de Páscoa é praticamente a mesma de hoje. Na mesa temos um prato especial chamado “Keará”. Nele dispomos os elementos do jantar:  Beitsá (um ovo cozido que representa a oferta de Páscoa feita no Templo – Chaguigá), o Zerôa (um osso de cordeiro que representa o Cordeiro Pascal – nos lares judaicos tradicionais não se come cordeiro em luto à destruição do Templo), as ERVAS Amargas (Karpás: batada cozida ou cebola – que representa o duro trabalho dos hebreus no Egito;  o Marôr: gengibre; e o Chazêret: salsão), e o Charôsset (uma pasta doce que se assemelha a um barro – lembrando do barro que os filhos de Israel amassavam no Egito para fazerem tijolos). Além dos elementos do PRATO KEARÁ, temos também TRÊS pães ásmos e 5 cálices de vinho – cada um com um simbolismo diferente.

O Keará (prato de Pêssach) com os elementos do Jantar

Como as famílias devem hoje celebrar esta data?

Os Judeus (sejam eles crentes em Yeshua ou não), celebram esta festa da forma descrita acima pois ela é um estatuto perpétuo (Ex 12:14).  Para os judeus crentes, esta festa é ainda mais especial, pois Yeshua é o nosso Cordeiro Pascal. Mas e os cristãos não-judeus? Temos provas históricas que a Igreja, até meados do séc IVd.C., celebrava a Festa de Páscoa como os judeus (com pães asmos e no dia 14 de Nissan) – I Co 5:8 e Cl 2:16. Algumas obras Patrísticas também atestam a mesma coisa (Peri Pascha – Melito de Sardes – séc II d.C.). Vejam o que escreve Polícrates, então bispo de Éfeso, sobre a celebração de Pêssach. Ele estava argumentando contrariamente à decisão do Bispo de Roma, Papa Vitor I, sobre a imposição de mudança da data e do simbolismo da Páscoa:

“Nós observamos o dia exato, sem tirar nem por. Pois na Ásia grandes luminares também caíram no sono [morreram], (…) incluindo João, que foi tanto uma testemunha quanto um professor, que se deitou no peito do Senhor e (…)  Policarpo, que foi bispo e mártir; e Tráseas, bispo e mártir de Eumênia, que dormiu em Esmirna. Por que precisaria eu mencionar o bispo e mártir Sagaris, que se deitou em Laodicéia, ou o abençoado Papirius ou Melito (…)? Todos estes observavam o décimo-quarto dia da Páscoa judaica de acordo com o evangelho, não desviando em nenhum aspecto, mas segundo a regra de fé. E eu também, Polícrates, o menos importante de todos, faço de acordo com a tradição de meus pais (…) E meus parentes (07 outros bispos) sempre observaram o dia que as pessoas separavam o fermento (…) Pois os que são maiores que eu disseram ‘Nós devemos obedecer a Deus ao invés dos homens…‘ (…)”.  Eusébio sobre a Carta de Polícrates de Éfeso ao Papa Vitor I – História Eclesiástica – Livro V – Cap. 24

A Pascoa Judaica só foi proibida de ser celebrada no Concílio de Antioquia, em 341 d.C, e demorou quase 400 anos até que as pessoas tivessem deixado de vez esta tradição dos apóstolos. Assim, os cristãos de hoje deveriam obedecer ao apóstolo Paulo e seguir o exemplo dos primeiros crentes, realizando em suas igrejas e em suas famílias um jantar festivo, com pão sem fermento, o cordeiro assado e ervas amargas, para se lembrarem de como a vida era amarga antes de conhecermos a Yeshua, e como ele nos RESGATOU com mão forte das garras do inimigo e da escravidão do pecado, e nos fez NOVA CRIATURA sem o fermento do pecado. Deveríamos todos celebrar neste dia como o SANGUE do Messias foi derramado por nós, nos marcando e nos consagrando a D-us.

Um detalhe que também merece destaque é a ordenança na Torá para que nenhum ESTRANGEIRO/ESTRANHO (nechár – נֵּכָר ) participasse da celebração de Pêssach, uma vez que tal fato traria juízo sobre a vida daquele que fosse alheio ao evento e sua conotação material e principalmente espiritual. Se algum estrangeiro ou peregrino (תּוֹשָׁב  tosháv),  estivesse presente às vésperas de um jantar de Pêssach na casa de uma família judaica, este teria que ser circuncidado para poder participar (Ex. 12:43-48). Logicamente, este mandamento continua ainda em vigor. Porém, é importante lembrar das palavras dos profetas de ISRAEL que apregoam que haveria um tempo onde o Eterno APROXIMARIA ao seu povo (Israel) outros povos mediante a sinceridade da escolha em se GUARDAR a Sua aliança. Vejamos:

“Porque o SENHOR se compadecerá de Jacó, e ainda elegerá a Israel, e os porá na sua própria terra; e unir-se-ão a eles os ESTRANGEIROS, e estes se ACHEGARÃO à casa de Jacó”. (Is 14:1)

“Aos ESTRANGEIROS (נֵּכָר ) que se APROXIMAM ao SENHOR, para o servirem e para amarem o nome do SENHOR, sendo deste modo servos seus, sim, todos os que guardam o sábado, não o profanando, e ABRAÇAM A MINHA ALIANÇA, também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios SERÃO ACEITOS no meu altar, porque a minha casa será chamada Casa de Oração para TODOS os povos. Assim diz o SENHOR Deus, que congrega os dispersos de Israel: Ainda CONGREGAREI outros aos que já se acham reunidos”. (Is 56:6-8)

Ou seja, o próprio ETERNO aproximaria e enxertaria em seu povo ISRAEL, OUTROS povos que temem o SEU nome e guardam a SUA aliança. Sabemos que a obra do MASHIACH YESHUA consiste exatamente em APROXIMAR os gentios das promessas e alianças feitas pelo ETERNO a ISRAEL, fazendo-os CO-HERDEIROS e CO-PARTICIPANTES com ISRAEL. Tais gentios, servos do D-us altíssimo mediante a OBRA do Messias, NÃO SE TORNAM JUDEUS, mas sim, passam a fazer parte do POVO de D-us, juntamente com os Judeus. Vejamos como o rabino Shaul (Ap. Paulo) explica esse princípio para gentios crentes no Messias Yeshua:

“Portanto, lembrai-vos de que, outrora, vós, gentios na carne, chamados incircuncisão (…), naquele tempo, estáveis sem Messias, SEPARADOS da comunidade de ISRAEL e ESTRANHOS às alianças da promessa (…) Mas, agora, no Messias Yeshua, vós, que antes estáveis longe, fostes APROXIMADOS pelo sangue do Messias. (…) E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito. Assim, já NÃO SOIS ESTRANGEIROS ( נֵכָר nechár) ou  PEREGRINOS (תּוֹשָׁב  tosháv), mas concidadãos dos santos, e sois da FAMÍLIA de Deus (…)”. (Ef 2:11-19 );

“…os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa através do Mashiach Yeshua,  por meio do evangelho; (Ef 3:6);

Os Gentios que receberam a aproximação e remissão de suas iniquidades através da obra do Messias, são feitos também FILHOS DE ABRAÃO e também são HERDEIROS da PROMESSA, não mediante a descendência sanguínea ou pela CIRCUNCISÃO DA CARNE, mas pela fé: ” E, se sois do MASHIACH, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa”. (Gl 3:29) Não é a circuncisão que purifica os gentios crentes em D-us, mas a obra de redenção do Mashiach. Veja uma outra instrução do rabino de Tarso para GENTIOS servos do Senhor Yeshua:

“Nele (Yeshua), também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. E  a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Carta de Paulo aos Galatas

Carta de Paulo aos Gálatas é um dos livros que compõe o Novo Testamento e faz parte de uma das treze cartas escritas pelo apóstolo. Neste estudo bíblico faremos um panorama da Carta aos Gálatas, conhecendo o contexto histórico, propósito e características da epístola.

O autor da Carta aos Gálatas

Historicamente o apóstolo Paulo sempre foi aceito como sendo o autor da Carta aos Gálatas, embora alguns estudiosos a partir do século 18 começaram a sugerir que a epístola tenha sido pseudônima, ou seja, alguém a escreveu usando o nome de Paulo.

No entanto, o estilo literário e a teologia empregada na epístola não deixam dúvidas que o apóstolo Paulo foi o autor em questão, e os argumentos contrários a essa afirmação são demasiadamente fracos.

Também vale dizer que nos primeiros versículos da epístola já encontramos uma declaração de autoria do próprio Paulo, além de sua menção a um grupo de pessoas que o acompanhava na ocasião em que a carta foi escrita (Gl 1:1,2).

Data e contexto histórico da Carta aos Gálatas

Existe uma grande dificuldade em determinar a data em que a Carta aos Gálatas foi escrita, isso porque também há uma dificuldade considerável em estabelecer os destinatários da carta. É bastante claro que o apóstolo escreveu aos “gálatas” (Gl 1:2; 3:1), porém não sabemos exatamente a quais gálatas ele estava se referindo, se aos gálatas do sul ou do norte.

Ele poderia estar escrevendo a toda comunidade cristã da província da Galácia, ou especificamente ao povo celta que habitava o norte da Galácia e que eram conhecidos como “gálatas”.

Se considerarmos a primeira sugestão, a melhor data seria entre 48 e 49 d.C., após sua primeira viagem missionária. Lembrando também que em sua primeira e segunda viagens missionárias o apóstolo visitou as cidades do sul da Galácia, sendo elas: Antioquia da Pisídia, Icônico, Listra e Derbe. Se essa data estiver correta então a Carta aos Gálatas pode ser o escrito mais antigo do apóstolo que temos disponível.

Caso o apóstolo tenha escrito a epístola aos gálatas do norte, então provavelmente isso ocorreu em uma data próxima a sua terceira viagem missionária, quando passou pela região da Galácia e Frígia (At 18:23).

Boa parte dos estudiosos que defendem essa possibilidade acredita que o apóstolo tenha escrito a epístola durante o período de dois anos em que esteve em Éfeso (At 19), ou durante o período de viagem pela Macedônia rumo à Grécia (At 20:1-6; 2Co 2:13). Logo, a epístola teria sido escrita entre 54 e 55 d.C.

Com base em toda dificuldade apresentada, o mais correto seria estabelecer um período entre 49 e 55 d.C. a qual certamente a epístola foi escrita.

Propósito e características da Carta aos Gálatas

Sabemos que foi o apóstolo Paulo quem fundou as igrejas da Galácia. Todavia, logo depois dos gálatas terem recebido o verdadeiro Evangelho que havia sido pregado pelo apóstolo, surgiram pessoas que começaram a se levantar contra o ministério de Paulo (Gl 4:17) e também a pregar um “outro evangelho” completamente distorcido do que tinha sido ensinado (Gl 1:6,7).

Basicamente esse falso evangelho que estava sendo pregado ensinava que os gentios que se tornavam cristãos deveriam seguir as tradições judaicas e praticar as obras da lei, pois isso influenciaria diretamente no processo de salvação (Gl 6:12).

Assim, esses falsos mestres ensinavam aos gálatas que a fé em Cristo não era o suficiente, mas eles também deveriam praticar a circuncisão (Gl 2:3-5; 5:2,6,11; 6:12-15). Uma das principais táticas dessas pessoas era atacar pessoalmente o apóstolo Paulo.

A defesa feita pelo próprio apóstolo no decorrer da Epístola aos Gálatas nos ajuda a entender um pouco o tipo de artimanha que esses indivíduos estavam utilizando. Em Gálatas 2:1-10, Paulo fala de sua relação com os apóstolos de Jerusalém, os líderes da Igreja Primitiva, destacando sua autoridade apostólica e legitimidade do Evangelho que ele anunciava. Talvez com isto ele estivesse respondendo algum tipo de acusação que afirmava que, de alguma forma, ele era insubordinado e agia por conta própria, sem a autorização dos anciãos da Igreja.

É possível também que tenham acusado o apóstolo de ter mudado de ideia quanto ao seu parecer com relação aos gentios que se tornavam cristãos, ou seja, sugerindo que Paulo teria inicialmente defendido a circuncisão (Gl 5:11), mas depois mudou seu discurso para poder atrair mais facilmente os gentios (Gl 1:10). Sobre isso, o próprio apóstolo deixou bem claro que sua mudança de pensamento aconteceu em decorrência de uma revelação divina recebida diretamente de Cristo (Gl 1:11-24).

Infelizmente, como toda heresia, rapidamente esse falso evangelho começou a se alastrar entre os gálatas, fazendo com que eles abraçassem o falso ensino, questionassem a autoridade de Paulo e iniciassem um processo de deserção do verdadeiro Evangelho.

Essa era a situação dos gálatas quando o apóstolo escreveu essa epístola (Gl 1:6-7), onde vários crentes queriam estar sob o julgo da Lei e ser, principalmente, circuncidados (Gl 4:21; cf. 5:1). O resultado foi uma série de conflitos e dissensões na comunidade cristã da Galácia (Gl 5:15; 6:3-5).

Logo, o principal propósito de Paulo ao escrever a Carta aos Gálatas foi expor a verdade sobre o Evangelho, mostrando a suficiência da obra de Cristo e ensinando que a salvação vem pela fé no Senhor Jesus (Gl 2:5,14).

Na Epístola aos Gálatas, Paulo foi enfático ao afirmar que a salvação é um dom gratuito de Deus, que todo o processo pertence a Ele, isto é, não qualquer participação humana na salvação, e que tudo se resume na graça de Deus e não no merecimento do homem (Gl 1:3,6,15; 2:19,21; 6:18) que apenas pode recebê-la pela fé e não por obras (Gl 2:15,16).

O apóstolo também demonstrou toda a sua indignação ao explicar que aqueles agitadores negavam completamente os pontos principais do verdadeiro Evangelho de Cristo (Gl 3:1; 5:12). Também alertou que o novo ensino transmitido por eles corrompia o Evangelho genuíno e precisava ser combatido a todo custo (Gl 1:8).

Na Carta aos Gálatas Paulo pregou sobre a obra redentora de Cristo na cruz, onde o Senhor carregou sobre si a maldição da Lei que estava sobre nós, nos libertando do pecado e da morte (Gl 3:13; 6:14), nos vestindo com sua justiça (Gl 3:26,27), nos unindo a Ele e fazendo-nos novas criaturas, nos dando o direito de adoção de filhos (Gl 4:4,5; 6:15). O apóstolo também apontou para a verdade de que é o Espírito Santo que nos capacita a vivermos de uma forma que agrada a Deus (Gl 5:16-25).

Esboço da Carta aos Gálatas

Saudações iniciais (1:1-5): Um pequeno prefácio onde Paulo se identifica como apóstolo de Jesus e saúda seus leitores.Descrição do problema (1:6-10): Paulo denuncia o falso evangelho que surgiu na Galácia, o qual exigia dos cristãos gentios a prática de costumes judaicos como circuncisão para que a salvação fosse efetuada, num tipo de salvação por obras, um ensino completamente contrário à doutrina da justificação pela fé.Autenticação e relatos históricos (1:11-2:21): Paulo demonstra a autoridade de seu apostolado, enfatizando que ele recebeu a mensagem do Evangelho diretamente de Cristo. Nessa seção Paulo fala sobre seu chamado (1:11-17), sobre os líderes da Igreja em Jerusalém (1:18-2:10) e sobre o conflito com o apóstolo Pedro (2:11-21).Provas teológicas da justificação pela fé (3:1-4:31): Paulo expos diversos argumentos teológicos para explicar que a salvação pela fé é a verdadeira mensagem do Evangelho de Cristo. Nesta seção, Paulo usou principalmente o registro sobre a fé de Abraão presente no Antigo Testamento.Exortações práticas (5:1-6:10): Paulo fala sobre a liberdade em Cristo e o poder do Espírito Santo que nos capacita a viver do modo que agrada a Deus sem confiarmos na carne. Ele também fala sobre as bênçãos que alcançam aqueles que vivem pela fé e o julgamento divino que aguarda os que se desviam do Evangelho genuíno.Conclusão apostólica (6:11-18): O apóstolo faz uma advertência final resumindo a sua carta e também faz uma saudação final.

Devocional

Versículo do dia: No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. (João 7.37)

A perseverança teve a sua obra perfeita na pessoa do Senhor Jesus. Até ao último dia da festa, Ele apelou aos judeus. Neste último dia do ano, o Senhor Jesus nos dirige seu apelo e espera para se mostrar gracioso para conosco. A longanimidade de nosso Senhor é admirável em tolerar alguns de nós, ano após ano, apesar de nossas provocações, rebeldias e resistência ao seu Espírito Santo. Maravilha das maravilhas é o fato de que ainda estamos na terra da misericórdia. O Senhor Jesus nos exorta à reconciliação com Deus. Quão profundo tem de ser o amor que fez o Senhor chorar pelos pecadores. Com certeza, diante o clamor dessa chamada, o nosso coração virá espontaneamente. Tudo o que o homem necessita para satisfazer a sede de sua alma já foi providenciado. Embora a alma esteja completamente sedenta, o Senhor Jesus pode saciá-la. A proclamação está sendo f eita, com toda espontaneidade, declarando que todos os sedentos são bem-vindos. O Senhor Jesus levou em seu próprio corpo os nossos pecados, na cruz. O Salvador que sangrou, morreu e ressuscitou é a única esperança para um pecador. Ó, que tenhamos graça para agora vir e beber, antes que o sol se ponha, neste último dia do ano! O ato de beber representa uma recepção para a qual nenhuma adequação é requerida. O tolo, o ladrão, a prostituta podem beber. Pecaminosidade de caráter não pode impedir que alguém aceite o convite e creia em Jesus. A boca pobre é convidada a parar e beber um profundo gole da fonte inesgotável. Lábios imundos, ressecados e leprosos podem beber da torrente de amor divino. Eles não podem contaminá-la, mas, pelo contrário, serão purificados. O Senhor Jesus é a fonte de esperança. Querido leitor, ouça a voz do amável Redentor, que clama a todos nós: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”.

As bodas do cordeiro

As Bodas do Cordeiro é um evento descrito no capítulo 19 do livro do Apocalipse. Apesar de nos capítulos anteriores o Apóstolo João também ter registrado algumas referências acerca desse momento, apenas no capítulo 19 é que a revelação se torna mais clara e nos fornece mais detalhes.

Devido as diferentes correntes escatológicas, a festa das Bodas do Cordeiro é também um tema muito discutido entre os cristãos. Neste estudo bíblico, veremos de maneira objetiva o que é esse evento, e quais as diferentes opiniões acerca desse assunto.

As Bodas do Cordeiro e as diferentes correntes escatológicas

Sabemos que o livro do Apocalipse é muito debatido entre os cristãos. Tal debate originou métodos diferentes de interpretação e leitura do livro, o que acaba resultando em diversas opiniões acerca de um determinado assunto. Para saber mais sobre sobre isso, recomendo a leitura dos textos: “Métodos de Interpretação do Apocalipse“e “Leitura de Recapitulação ou de Sucessão em Apocalipse“.

Para se ter uma ideia, até mesmo dentro de uma escola escatológica especifica há discordâncias acerca de vários temas, principalmente com relação aos detalhes secundários.

Para que nosso texto não fique confuso e repetitivo, citarei as principais interpretações acerca das Bodas do Cordeiro, organizando-as em apenas três categorias: posição preterista, posição pré-tribulacionista e posição pós-tribulacionista.

Antes, para quem não sabe, o Pré-Tribulacionismo é a posição que defende um arrebatamento da Igreja antes da grande tribulação. Já o Pós-Tribulacionismo obviamente defende exatamente o contrário. Para entender melhor essa diferença, sugiro a leitura do texto “Pré-Tribulacionismo, Pós-Tribulacionismo e Meso-Tribulacionismo“.

As Bodas do Cordeiro e o Preterismo

A posição preterista, como o próprio nome já indica, entende que praticamente tudo o que é relatado no livro do Apocalipse já se cumpriu, ou seja, está no pretérito.

Entre os preteristas também é comum a fixação da data da escrita do Apocalipse antes de 70 d.C, ao invés de meados de 95 como é mais comum. Para eles, a queda da grande Babilônia e as Bodas do Cordeiro são eventos diretamente ligados a queda de Jerusalém que ocorreu exatamente nesse período.

Por tanto, muitos preteristas defendem que a festa das Bodas do Cordeiro faz referência a eventos que já ocorreram no século 1, embora ela pré-figure de alguma forma a segunda vinda de Cristo. Essa é a interpretação menos conhecida sobre o assunto, e é mais comum entre alguns Pós-Milenistas.

As Bodas do Cordeiro e o Pré-Tribulacionismo

Apesar de ser a mais recente de todas as posições, o Pré-Tribulacionismo é a interpretação predominante entre os evangélicos atuais, conhecido como Pré-Milenismo Dispensacionalista Clássico.

A interpretação dessa visão escatológica acerca das Bodas do Cordeiro defende que tal evento ocorrerá após a primeira fase da segunda vinda de Cristo, ou seja, será o arrebatamento secreto da Igreja antes da grande tribulação.

A sequencia geralmente defendida entre os pré-tribulacionistas é de que, após o arrebatamento, a Igreja passará pelo Tribunal de Cristo onde ocorrerá um julgamento de obras realizadas. Esse julgamento não será para condenação e sim para que os cristãos sejam galardoados.

Após receberem os galardões, ocorrerá então a ceia das Bodas do Cordeiro, com a celebração da grande Ceia do Senhor. Vale a pena dizer que algumas pessoas dentro dessa corrente escatológica defendem que o Tribunal de Cristo ocorrerá nas Bodas do Cordeiro, enquanto outros acreditam que a ordem será inversa, ou seja, primeiro as Bodas e depois o Tribunal de Cristo. Como já disse antes, essa diferença ocorre devido ao fato de que dentro dessa posição escatológica existem diferentes opiniões entre seus adeptos.

Outro ponto de discussão dentre os defensores do Pré-Tribulacionismo acerca das Bodas do Cordeiro é sobre quem poderá participar desse evento. Alguns defendem que somente os santos que fizeram parte da Igreja. Logo, os santos do Antigo Testamento não participarão.

Outros defendem que os santos do Antigo Testamento não participarão como noiva, mas estarão presentes como convidados. Por fim, a quem defenda que todos os santos, de todos os tempos, inclusive do Antigo Testamento, participaram desse evento como noiva, ou seja, como Igreja de Cristo.

Há também quem afirme que a Ceia do Senhor e a festa de casamento serão momentos distintos, onde o primeiro ocorre no céu e o segundo na terra. Essa “confusão interna” ocorre pelo fato de que o Pré-Tribulacionismo Dispensacionalista estabelece uma distinção entre Israel e Igreja, além de haver diferentes definições entre seus adeptos acerca do número de ressurreições que esse sistema exige.

Para os pré-tribulacionistas, a festa das Bodas do Cordeiro durará sete anos, o que corresponde ao período de grande tribulação que estará assolando a terra, ou seja, as Bodas do Cordeiro e a grande tribulação ocorrerão simultaneamente.

Ao final dos sete anos das Bodas, Cristo voltará mais uma vez (segunda fase da segunda vinda de Cristo), porém agora visivelmente e acompanhado pela Igreja e os anjos. Geralmente o período de “sete anos” é defendido utilizando referências do livro de Daniel (As Setenta Semanas de Daniel) e do livro do Apocalipse. Alguns também se apoiam na ideia de que geralmente as bodas de um casamento judaico duravam sete dias.

As Bodas do Cordeiro e o Pós-Tribulacionismo

O Pós-Tribulacionismo basicamente defende que a festa das Bodas do Cordeiro ocorrerá na segunda vinda de Cristo, o momento do encontro entre o Noivo e a noiva após o período de grande tribulação, o qual Cristo destruirá o Anticristo.

Nessa posição escatológica, as Bodas do Cordeiro será a consumação do relacionamento de Cristo com Sua Igreja, onde não durará apenas sete anos, mas se estenderá por toda a eternidade.

Essa posição é bem mais simples do que a anterior, e é defendida por Amilenistas e, com algumas modificações, por Pré-Milesnistas Históricos. Parte dos Pós-Milenistas também entendem dessa forma.

Caso queira entender melhor os termos utilizados acima, leia o texto “Diferenças entre Amilenismo, Pré-Milenismo Histórico, Pós-Milenismo e Dispensacionalismo“.

Qual a interpretação mais coerente sobre as Bodas do Cordeiro?

Sabemos que a escatologia não é um tema dos mais fáceis. Há diferentes opiniões e posicionamentos sobre o assunto, portanto devemos respeitar quem pensa diferente da posição que defendemos.

A Bíblia em diversas passagens descreve o relacionamento entre Jeová e Seu povo, ou entre Cristo e Sua Igreja, sob o aspecto do relacionamento que há entre o noivo e a noiva (cf. Is 50; 54; Ef 5:32; Ap 21:9).

Para compreendermos melhor esse assunto, é importante conhecermos um pouco mais sobre como ocorria o casamento judaico:

Primeiro havia um contrato de casamento, um compromisso muito mais sério do que o noivado que conhecemos na atualidade. Na presença de testemunhas, os termos do casamento eram apresentados e aceitos e, então, a benção de Deus era declarada sobre a união. A partir desse momento o noivo e a noiva já eram legalmente casados.Depois disso, ocorria um período de intervalo entre o contrato de casamento e a festa de casamento. Era geralmente nesse intervalo que o noivo pagava um dote ao pai da noiva (se ainda não tinha sido pago na cerimônia de contrato).No final do período de intervalo, acontecia uma procissão. Na ocasião a noiva se preparava e se adornava. Então o noivo, vestido adequadamente e, acompanhado por seus amigos que cantavam e carregavam tochas acessas, se dirigia até o local onde o contrato havia sido firmado (geralmente a casa da noiva).Então o noivo recebia a noiva e a conduzia, ainda em procissão, à sua própria casa ou à casa dos seus pais. Muitas vezes as bodas ocorriam entre a casa dos pais do noivo, a casa da noiva, e a futura casa do casal. As bodas, que incluía a ceia, duravam entre sete e quatorze dias. Uma referência clara aos costumes do casamento judaico pode ser encontrada na Parábola das Dez Virgens (Mt 25).

Agora podemos claramente perceber a comparação que há entre as bodas de um casamento judaico e a relação entre Cristo e Sua Igreja. O contrato de casamento já está firmado. Cristo, o Noivo, já pagou o dote por Sua noiva, derramando Seu próprio sangue. Já está tudo oficializado, e isso é irrevogável.

Agora estamos no intervalo, que é o período entre a ascensão de Cristo ao céu e Sua segunda vinda. É nesse período que a noiva se prepara, se adorna, e se veste de linho fino, ou seja, seu caráter é santificado, ela está vestida de justiça, suas vestes foram lavadas no sangue do Cordeiro. Sua justificação é puramente pela graça soberana de Deus.

A noiva do Cordeiro é santa, fiel, e espera pacientemente pelo fim do intervalo e, ansiosa, tem a certeza da vinda do Noivo. Quando o período de intervalo chegar ao fim, o Noivo virá para receber a Sua noiva, acompanhado por anjos de glória. Então a festa de casamento começará.

O versículo 7 do capítulo 19 do livro do Apocalipse se refere exatamente a esse momento glorioso: “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou“.

É importante notar a forma com que o Apóstolo João organizou esse texto no conteúdo do livro. O Apocalipse é organizado em sete seções paralelas e progressivas, ou seja, ele conta a mesma história várias vezes, porém em cada uma delas a narrativa vai ficando mais intensa, mais clara e detalhada. Saiba mais sobre isso no texto “Como estudar o livro do Apocalipse?“.

Os capítulos 17, 18 e 19 formam a sexta seção paralela do Apocalipse. Perceba o contraste tão característico desse livro. Nos capítulos 17 e 18 temos a descrição da queda da Grande Babilônia, a mãe das meretrizes.

Já no capítulo 19 essa descrição continua, porém agora temos os detalhes de dois banquetes: o banquete do casamento entre a noiva e o Cordeiro (vers. 1-9), e o banquete da queda da prostituta e dos agentes do Dragão (vers. 17,18). De um lado vemos o céu em grande exultação, participando das Bodas do Cordeiro, e do outro vemos um grande terror, com as aves sendo convidas a comerem a carne dos adoradores da besta, aqueles que foram seduzidos pela prostituta. Enquanto a noiva é honrada, a prostituta é julgada. Enquanto a prostituta diz “Ai” a Igreja diz “Aleluia”.

Particularmente não consigo concordar com a ideia de que as Bodas do Cordeiro durarão apenas sete anos. Esse não é o objetivo do relato da revelação